“A gente está vendo uma epidemia de ignorância, mais do que a do vírus”, diz Marcos Caseiro

Para o infectologista e deputado federal, Alexandre Padilha (PT), o Dia Mundial da Saúde “simboliza a luta contra a maior crise sanitária vivida pelo mundo no século XXI e a maior tragédia humana registrada em nosso país”

Foto: Reprodução/PebMed
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No momento em que o mundo vive talvez a sua pior tragédia sanitária na história, o 7 de abril é lembrado por ser o Dia Mundial da Saúde. A crise, traduzida em mortes e famílias destroçadas pela Covid-19, precisa encontrar espaço para reflexões profundas e para combater, fortemente, o negacionismo, responsável direto pela situação dramática vivida pelo Brasil.  

“A gente está vendo uma epidemia de ignorância, mais do que a do vírus”, afirma o médico Marcos Caseiro, infectologista que atua na linha de frente do combate ao vírus.

“Nós estamos vivendo a pior crise sanitária da história. O planeta simplesmente parou por conta de um vírus, uma coisa invisível. E esse cenário tem exposto muitas coisas, como a fragilidade do ser humano. A gente vive um mundo distópico. As pessoas falam o que querem e há uma fragilidade enorme do conhecimento científico, com tantos médicos, tantos profissionais de saúde, tantas pessoas estudadas pondo uma série de fatores em xeque”, ressalta Caseiro.

Para ele, a pandemia expõe mais ainda as desigualdades sociais. “O mundo não vai poder ser o mesmo depois disso. As pessoas não vão poder viver mais dessa maneira. Certamente, é uma doença que tem acometido mais pobres, mais vulneráveis, isso é indiscutível. E a gente vai ter que repensar isso, diminuir essas enormes desigualdades”.

A luta

Na avaliação do médico infectologista e deputado federal, Alexandre Padilha (PT), ministro da Saúde entre 2011 e 2014, pelo segundo ano consecutivo, o Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, “simboliza a luta contra a maior crise sanitária vivida pelo mundo no século XXI e a maior tragédia humana registrada em nosso país”.

“Com recordes diários de óbitos, vivemos o março mais letal da pandemia e é muito provável que o cenário de abril seja ainda pior, como alertam cientistas. Nos registros mundiais, a Covid-19 no Brasil tem tirado um terço das vidas em comparação com o resto do mundo”, acrescenta Padilha.

Para ele, a data também representa a resistência dos profissionais de saúde. “Em meio a tanta dor e tristeza, eles se dedicam incansavelmente há um ano na missão de salvar vidas e aliviar o sofrimento de milhões de famílias. O esforço desses trabalhadores deve ser reconhecido e homenageado não apenas neste dia, mas repetidamente. Assim como o nosso Sistema Único de Saúde (SUS), tão exaltado neste momento”.

Impeachment

O sanitarista Arthur Chioro, ministro da Saúde entre 2014 e 2015, manda um recado no Dia Mundial da Saúde: “Nada faria tão bem ao povo brasileiro como o impeachment ou renúncia do Bolsonaro. Ele continua sendo o inimigo mais mortal da pandemia”.