O presidente Jair Bolsonaro aproveitou sua passagem por Manaus (AM), nesta sexta-feira (23), para gravar uma entrevista no programa do comediante e apresentador bolsonarista Sikêra Jr, da TV A Crítica. A entrevista foi retransmitida pela RedeTV.
Entre piadas de cunho machista e homofóbico com o apresentador, Bolsonaro voltou a criar teorias em torno da vacinação para, mais uma vez, defender a cloroquina, remédio que não tem eficácia comprovada contra a Covid-19 e que está associado, segundo a revista científica Nature, ao aumento da mortalidade em pacientes com a doença do coronavírus. Trata-se de uma estratégia do presidente para rebater as críticas ao fato de ele ter sido responsável direto pelo atraso da vacinação no Brasil ao se recusar, por exemplo, a adquirir imunizantes da Pfizer ainda em 2020.
"Eu tomei cloroquina 5 da tarde eum um dia. No outro dia, 10 da manhã, eu estava bom. Um monte de gente tem tomado ivermectina. Mas o mercado da vacina é bilionário. O que não falta em Brasília é lobista em cima de vacina", disparou o presidente, mesmo depois do YouTube ter retirado do ar vídeos seus em que incentiva o uso da substância.
"Só ano passado, em dezembro, MP minha de 20 bilhões de reais. E começamos a vacinar em janeiro. Alguns poucos países em dezembro. Então, estamos bem", disparou ainda o presidente. Atualmente, apenas 12,36% da população brasileira recebeu a primeira dose de algum dos imunizantes contra a Covid e o país é, atualmente, um dos líderes em casos e mortes diárias relacionadas à doença em todo o mundo.
Pouco antes do início da gravação da entrevista, nos bastidores, Bolsonaro, sua comitiva e a equipe de Sikêra Jr promoveram aglomeração no estúdio. Um vídeo divulgado pelo próprio presidente mostra que ninguém usava máscara, exceto o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O médico, que tem defendido o uso da proteção, no entanto, não fez objeções sobre a ausência dela entre seus pares.