Levantamento Associação Brasileira de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), feito com dados de cartórios de registro civil, aponta que as mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil superaram, pela primeira vez, a soma de todas as mortes causadas por outras doenças.
O movimento inédito aconteceu na semana entre o dia 28 de março e 3 de abril, quando as mortes relacionadas à doença do coronavírus representaram 50,3% das mortes naturais registradas, enquanto as outras doenças responderam por 49,7% dos óbitos.
Para se ter uma ideia do crescimento vertiginoso das mortes por Covid no país, na primeira semana janeiro deste ano elas representavam 23,2% de todos os óbitos relacionados a outras doenças. Ou seja, o índice das mortes relacionadas à pandemia mais que dobrou.
Confira, abaixo, a lista das doenças que causaram mortes naturais no país entre os dias 28 de março e 3 de abril.
- Covid-19 - 16.558
- Pneumonia - 2.084
- Septicemia - 2.002
- Causas cardíacas inespecíficas - 1.454
- AVC (Acidente Vascular Cerebral) - 1.290
- Infarto - 1.263
- Insuficiência respiratória - 1.104
- Indeterminada - 108
- Outras causas - 7.036
Mortes superam nascimentos
No pior momento da pandemia do coronavírus no Brasil, com o país registrando recordes de mortes diárias pela doença, o número de óbitos totais superou o de nascimentos no acúmulo dos seis primeiros dias de abril.
Segundo dados do Portal da Transparência, compilados em um gráfico pelo demógrafo José Eustáquio Alves e compartilhados nas redes sociais pela cientista e professora da Universidade de Harvard, Marcia Castro, o país registrou um acúmulo de 11.774 nascimentos nos seis primeiros dias de abril, enquanto os óbitos foram de 12.181.
Com isso, o país teve 407 mais mortes do que nascimentos no acúmulo dos seis primeiros dias do mês. “Isso é inédito. Isso é uma catástrofe. Lockdown é urgente”, escreveu a professora.
O desequilíbrio entre nascimentos e óbitos ocorre após o país superar, pela primeira vez, a marca de 4 mil mortes por Covid-19 em 24 horas. Segundo balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), 4.195 pessoas morreram em decorrência da doença no dia 6 de abril.