Daniel Cara: sem regulação, as redes sociais “são danosas à democracia”

Professor teve a sua conta no Twitter suspensa de forma arbitrária depois de chamar o presidente da República de genocida

Reprodução/Vídeo
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O professor da Faculdade de Educação da USP e militante da educação popular, Daniel Cara, teve a sua conta no Twitter suspensa de forma arbitrária depois que chamou o presidente da República de genocida.

A sua conta foi devolvida na madrugada dessa quarta-feira (19), porém, ele critica o fato de que a plataforma não lhe deu explicações sobre os motivos que levaram a sua conta ser censurada.

Ao comentar sobre a decisão da plataforma em lhe devolver o seu perfil, o professor chamou a atenção para o fato de que “bots bolsonaristas vandalizam o Twitter e chegam a subir hashtags com erros, comprovando que são robôs. Enquanto isso, a gestão da plataforma faz vistas grossas. O motivo é simples: o Twitter é o principal beneficiário das polêmicas, talvez o único, pelo volume de interações”

À Fórum, Daniel Cara afirmou que "é preciso que as plataformas tornem públicos seus algoritmos e suas decisões sobre as interações".

“Se isso for feito, estou certo de que ficará explícita a imparcialidade. Percebo que as plataformas, até mesmo por relações pessoais de funcionários das Big Techs, decidem dar impulso a algumas contas e fazem vistas grossas a outras. Ou seja, precisamos saber o que ocorre, pois essas decisões privadas afetam nossas vidas. Minha impressão é que meu ativismo incomodou o Twitter. E ele foi vitorioso no Fundeb e na PEC 186, quando evitamos um mal maior. Sinto que a crítica à gestão Bolsonaro foi a gota d'água”, disse o professor.

Outra questão abordada por Cara é a ausência de uma regulação quanto ao funcionamento dessas plataformas.

“Da mesma maneira que defendemos a regulação dos meios de comunicação, defendo a regulação das redes sociais. Inclusive, sem elas os movimentos de ultradireita jamais teriam o poder que têm hoje, no mundo todo. O sobrepoder da ultradireita é também responsabilidade de empresas como o Twitter e o Facebook. Portanto, precisamos ter uma regulamentação global das Big Techs, além de leis nacionais. Elas são danosas à democracia”, critica Daniel Cara.

Por fim, o professor afirmou que “a regulamentação deve estar pautada na transparência do algoritmo, especialmente sobre os critérios de controle e estímulo às interações. Além disso, precisam proibir a manipulação de comportamentos”.

Daniel Cara é um dos entrevistados do Fórum Onze e Meia de hoje, que você pode acompanhar no player abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=TYy-qAFvRJ0