O proprietário do laboratório União Química, Fernando Marques, acusa a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de priorizar interesses políticos para não aprovar a liberação da vacina russa Sputnik V no Brasil.
Marques gravou um áudio enviado, originalmente, ao empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Porém, acabou chegando a Jair Bolsonaro, de acordo com reportagem de Mateus Vargas, no Estado de S. Paulo.
O dono da União Química denuncia que a demora da Anvisa em autorizar o imunizante russo é para ajudar o Instituto Butantã, ligado ao governo de São Paulo, que produz a CoronaVac, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fabricante do imunizante AstraZeneca/Oxford.
Marques acredita que o objetivo final é beneficiar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), no caso do Butantã, e o PT e o PCdoB, que teriam a Fiocruz “na mão”.
A União Química alega que quer distribuir a vacina russa no Brasil. No entanto, a Anvisa diz que ainda não foram entregues os dados necessários.
Marques foi candidato a uma vaga no Senado em 2018, pelo Solidariedade. À época, o empresário declarou patrimônio no valor de R$ 667 milhões em bens, maior fortuna de um candidato naquelas eleições. Porém, não conseguiu se eleger.
Confira a transcrição do áudio de Fernando Marques:
“Presidente, boa noite, é Fernando Marques, sou empresário da área farmacêutica. Minha empresa faz 85 anos. E vão (sic) fazer 50 anos que trabalho na minha empresa.
Estamos vivendo um período de guerra, de guerra. A população está morrendo. A vacina russa, perdi 10 milhões que iam chegar no primeiro trimestre. Não me deram autorização nem emergencial. Negam que pedi isso lá dentro da Anvisa.
Protocolo eletrônico, eles só aceitam protocolo eletrônico e não estão reconhecendo protocolo eletrônico. Eles querem manter a coisa com a Fiocruz e com o Instituto Butantã.
Butantã na mão do Doria e Fiocruz na mão do PT, PCdoB. Entendeu? E, porra, não tem vacina, o povo tá morrendo. E para esse trimestre a Rússia se comprometeu em embarcar 10 milhões. Entre abril e maio. Porém, se não sair a emergencial, que eles alegam que eu não entrei, e eu tenho comprovante eletrônico que entrei com o pedido. Dia 14 de janeiro. E eles suspenderam a análise. E eles negam que entrei. É uma coisa surreal. Entendeu?
Passando informação eles não aceitam ela documentalmente, só fica eletronicamente, isso desaparece. E fala que não entrego nada. É surreal o que to passando. E esse povo não tem coração, matando as pessoas por falta de vacina. É uma loucura. Eu estive com Barra (Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa) na semana passada. Ele só faltou... me mandou acompanhado até o carro, fui humilhado, parece que é um criminoso, alguém que quer fazer e trazer vacina ao Brasil, que tá sendo usada pelos russos, independente... em mais de 40 países. Não estamos falando de coisa política não, é realidade. Olha o que tá acontecendo, não pode ficar dessa forma. É uma coisa surreal, não sei mais o que fazer”.