O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que humilhou a influencer Mariana Ferrer durante audiência sobre caso de estupro, atuou em esquema ilícito com o ex-procurador Anselmo Jerônimo de Oliveira, exonerado em 2017 por conluio com advogados que aprovavam as peças que ele produzia.
No início do mês, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gurgel de Faria, afastou a prescrição da ação contra o Gastão. Agora, a denúncia deverá ser analisada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina com celeridade para evitar a prescrição e a não responsabilização.
De acordo com a denúncia do MP de Santa Catarina, o procurador Jerônimo Anselmo de Oliveira atuava simultaneamente na área privada e dentro do MP, em conluio com o advogado do empresário de André de Camargo Aranha, acusado de estuprar Mariana Ferrer.
A denúncia informa que, por meio de uma “empresa de fachada”, a NP Comunicações, Anselmo Jerônimo de Oliveira oferecia palestras sobre Lei Seca a prefeitos de Santa Catarina. Cada palestra custava R$ 7,5 mil. Os eventos, no entanto, eram fachada para que prefeitos investigados tivessem acesso a Anselmo Jerônimo.
Durante a investigação contra o procurador, foi revelada uma relação íntima entre ele e Oliveira. Para o STJ-SC, a relação “não condiz com trato apenas eventual com os funcionários do escritório de Cláudio Gastão da Rosa Filho”.
Caso Mariana Ferrer
O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho foi defensor do empresário André de Camargo Aranha, acusado de ter estuprado a influenciadora Mariana Ferrer em dezembro de 2018, no beach club Café de La Musique, em Florianópolis. Aranha acabou absolvido no caso.
A vítima chegou a apresentar diversas provas de que o empresário a drogou e estuprou. “Não é nada fácil ter que vir aqui relatar isso. Minha virgindade foi roubada de mim junto com meus sonhos. Fui dopada e estuprada por um estranho em um beach club dito seguro e bem conceituado da cidade”, publicou a jovem naquele ano. O assunto ganhou repercussão internacional.
Além disso, Mariana Ferrer foi humilhada durante a audiência do caso. A defesa de Aranha mostrou fotos sensuais da jovem feitas antes do crime como argumento de que a relação foi consensual. O advogado Cláudio Gastão disse ainda que as imagens eram “ginecológicas” e que “jamais teria uma filha” do “nível” de Mariana.
Em outro momento, o advogado repreendeu o choro de Mariana: “não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”. Cláudio é um dos advogados mais caros de Santa Catarina e já representou nomes famosos ligados ao bolsonarismo, como Olavo de Carvalho e a ativista Sara Winter.