Em depoimento na condição de testemunha no âmbito do inquérito civil que apura supostos atos de improbidade administrativa do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na última quinta-feira (9), o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, afirmou que o general "agiu com irresponsabilidade criminosa".
O depoimento foi dado à Procuradora da República no Distrito Federal, Luciana Loureiro de Oliveira, que investiga a utilização de recursos públicos para produção e distribuição da hidroxicloroquina e ivermectina, medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a Covid-19, e também a possível omissão do ministro diante da falta de oxigênio nos hospitais do Amazonas.
"Nós alertamos a população e fizemos questionamentos a diversos órgãos, através das nossas recomendações, sobre riscos de o Ministério da Saúde estar optando por algo que não tinha comprovação cientifica. Todas as questões levantadas aqui levaram ao agravamento da pandemia, ao colapso do sistema e ao estado de calamidade que nos encontramos hoje", disse Pigatto em seu depoimento.
“O senhor destacou aqui pontos muito sensíveis, fatos bastante elucidativos e essa revelação de percepções é muito importante para o escopo da nossa apuração", respondeu a procuradora Luciana Loureiro de Oliveira.
Segundo a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, no depoimento, Pigatto teria relatado ainda que chegou a expedir 62 recomendações e 12 resoluções ao Ministério da Saúde, sendo que a maioria delas teria sido ignorada por Pazuello.
Nesta segunda-feira (15), o Senado aprovou um requerimento de convocação imediata de Pazuello para que ele forneça explicações sobre as medidas que vêm sendo adotadas pelo governo no combate à pandemia e no plano de imunização.
A convocação vem em meio às notícias de que o general estaria deixando a pasta e, por isso, ao anunciar a aprovação do requerimento, o presidente da Comissão Temporária da Covid-19 no Senado, Confúcio Moura (MDB-RO), informou que deverá prestar os esclarecimentos Pazuello ou o “substituto”.
“Convido os senadores para a próxima reunião, a ser realizada quinta-feira, dia 18, às 9 horas, para ouvir o ministro da Saúde, preste bem atenção, Eduardo Pazuello, ou ele, ou quem vier a substitui-lo, para debater o Plano Nacional de Imunizações, o cumprimento dos respectivos prazos bem como as medidas de combate à pandemia”, afirmou Moura.
*Com informações do Conselho Nacional de Saúde e jornal O Globo