Ministério Público denuncia "hospital particular ilegal" dentro de estrutura de campanha no AM

De acordo com o órgão, empresa clandestina pode ter desviado recursos materiais que seriam destinados ao atendimento público

Hospital Nilton Lins (Reprodução/Secom)
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O Ministério Público Federal (MPF), em conjunto com procuradorias e defensorias do Amazonas, fez uma denúncia ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre irregularidades encontradas no hospital de campanha Nilton Lins, em Manaus.

Entre as observações realizadas, está a existência de um "hospital particular ilegal" dentro do prédio do Nilton Lins. De acordo com o MPF, não há autorização por parte de órgãos sanitários para o funcionamento dessa estrutura.

Além disso, foi observado o compartilhamento de recursos materiais entre o hospital particular e o de campanha. Segundo os MPs e as Defensorias, isso pode dar ensejo a contaminações e a desvio de recursos que seriam destinados ao hospital público, construído especialmente para atender pacientes com Covid-19.

O hospital particular ilegal não foi a única irregularidade identificada no hospital de campanha. Após inspeção no local, também foi constatado problemas de limpeza e falta de insumos.

"A recomendação dos MPs e das Defensorias cita que o hospital de campanha possui estrutura para 81 leitos de enfermaria e 22 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que não estavam disponíveis no momento da inspeção por conta do fornecimento irregular de oxigênio, da falta de insumos básicos e a ausência de profissionais médicos", dizem os órgãos.

“Não se sabe sequer o número de profissionais atuantes no local, mesmo diante de sua disponibilização pelo Ministério da Saúde, em evidente falta de organização e gerenciamento administrativo”, afirma trecho da recomendação", completam.

A recomendação das procuradorias prevê que, no prazo de 72 horas, o governo federal e do Amazonas apresentem um cronograma para corrigir as irregularidades.

O hospital da Nilton Lins foi reaberto a pouco menos de um mês, no dia 13 de janeiro. Ele havia sido inaugurado quando o Amazonas enfrentou o primeiro pico de internações pela Covid-19 entre abril e maio.

O estado enfrenta um novo surto da doença. Até então, segundo a Secretaria estadual de Saúde, mais de 282 mil pessoas foram contaminadas e 9 mil morreram.