Vazamento de dados também infectou computadores, diz site

Megavazamento expôs informações pessoais de milhões de brasileiros e deve ser investigada pela Polícia Federal, sob determinação do STF; portais oferecem “consulta” para saber se os dados da pessoa estão expostos, mas podem ser processados

Foto Pixabay
Escrito en BRASIL el

Um novo capítulo do megavazamento de dados pessoais de milhões de brasileiros foi revelado nesta sexta-feira (5) pelo site TecMundo, especializado em tecnologia. Os arquivos com os dados que estavam disponíveis na internet, incluindo 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos do país, continham vírus do tipo trojan – ou cavalo de tróia.

Segundo reportagem do jornalista Felipe Payão, quem acessou esses arquivos pode ter tido seu computador infectado por esse malware. Pesquisadores, jornalistas, investigadores, policiais e até curiosos podem estar entre as possíveis vítimas.

A descoberta foi feita por um pesquisador que notou um executável no meio de outros arquivos que haviam sido passados. Embora ele simulasse uma ação legítima, de acordo com a reportagem, na verdade esse arquivo executável era um malware capaz de passar por baixo do radar de diferentes tipos de antivírus.

Outra revelação que a reportagem de Payão traz é que os dados que constam do megavazamento, identificado pela empresa de segurança digital PSafe, não são totalmente novos. Eles ainda não fazem parte do arquivo de uma mesma empresa e há um ransomware em potencial carregado por um software possivelmente legítimo modificado, infectando as pessoas que baixaram os arquivos.

O ransomware é um tipo de vírus que, quando invade um computador ou smartphone, ele criptografa todos os arquivos e exige uma quantia para liberação. No entanto, como em qualquer modalidade de sequestro, não há garantia de que, caso o pagamento seja feito, os arquivos serão liberados.

Sites oferecem “consulta”

Desde a revelação de que havia ocorrido esse megavazamento de dados, alguns sites estão oferecendo uma espécie de “consulta” ao cidadão para que ele saiba se suas informações estão expostas.

Um deles, o fuivazado.com.br, está entre os endereços citados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como aqueles que a Polícia Federal deve investigar no caso. Moraes determinou a investigação nesta quinta-feira (4), após reportagem do Estadão revelar que dados dos ministros da Corte e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estavam à venda na web.

Outro site que  promete revelar se a pessoa está com os dados expostos é o https://news.riohms.com.br/vazou/. Nesse link, com a digitação do CPF, esta jornalista foi informada que seus dados estão expostos desde 11 de janeiro. E quais dados estão sendo oferecidos para venda.

No entanto, não há garantia de que as informações estejam corretas. E o “serviço” ainda está sob mira de uma discussão sobre se ele não seria igualmente ilegal como o vazamento e oferecimento dos dados na web.

Investigações

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) soltou uma nota, na última sexta-feira (29), dizendo que está “apurando tecnicamente as informações sobre o incidente de segurança de dados pessoais”. Entre as medidas que informa ter tomado, estão o envio de ofício para outros órgãos para investigar e auxiliar na apuração e adoção de medidas de contenção e mitigação de riscos, como a Polícia Federal, a empresa PSafe, o Comitê Gestor da Internet no Brasil e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Além disso, a ANPD diz que recebeu informações da Serasa Experian sobre o assunto.

Desde as primeiras divulgações sobre o caso, está em xeque se as informações vazadas não são de um banco de dados da empresa. Isso porque algumas delas se assemelham ao que a Serasa possui, inclusive o serviço Mosaic.

A Serasa enviou nota à Fórum sobre o assunto. Leia a íntegra, abaixo.

“Conforme recentes notícias, autoridades estão liderando investigação sobre denúncias de que um hacker obteve ilegalmente dados de uma ampla variedade de diferentes organizações e fontes no Brasil. Estamos monitorando a situação de perto e conduzindo investigação sobre as alegações de que alguns desses dados possam estar relacionados à Serasa. Também temos trabalhado com autoridades ao longo deste processo para prestar os devidos esclarecimentos. Os cidadãos brasileiros são a nossa maior prioridade e assumimos o compromisso de proteger a privacidade dos dados dos consumidores que tratamos de forma extremamente séria.”

Leia a reportagem completa da TecMundo aqui.