O Instituto Pólis divulgou um estudo realizado a partir do mapeamento de hospitalizações e óbitos por Covid-19 na cidade de São Paulo ao longo de 2020. A conclusão é que "vacinar grupos etários prioritários (idosos) em regiões específicas das cidades é uma estratégia mais eficiente do que uma distribuição que desconsidera a geografia da pandemia".
De acordo com a análise, priorizar bairros periféricos, onde estão as populações mais afetadas pelo vírus – pessoas negras – seria fundamental para otimizar a imunização na capital paulista. No entanto, o instituto aponta que a "territorialização não deve substituir o plano de imunização vigente, e sim complementar os critérios por idade".
"Negros que residem em áreas de periferia estão sendo mais afetados pela pandemia. Utilizando o método de padronização, que possibilita que duas populações de diferentes composições etárias sejam comparadas, o Pólis observou que as taxas de óbitos por Covid-19 de pessoas negras superam a de pessoas brancas. Em 2020, morreram 52% mais homens negros do que brancos e 60% mais mulheres negras do que brancas", afirma o estudo.
“O planejamento da imunização e as ações de vigilância e controle epidemiológico não podem ignorar os efeitos desiguais da pandemia sobre a população e é fundamental que fatores como raça e a localização da mortalidade sejam entendidos como elementos-chaves nas ações de combate ao coronavírus”, diz Vitor Nisida, pesquisador do Instituto Pólis.
O levantamento do Pólis mostra que os idosos negros morrem quase duas vezes mais do que o esperado em relação à população total nessa faixa etária. E ainda que "morreram mais negros acima dos 70 anos do que a média municipal, enquanto as mortes de brancos na mesma faixa etária ficaram abaixo da média. Esse é um critério importante a ser levado em conta principalmente quando considera-se que a longevidade da população branca no município é maior do que a negra, o que faz com que existam mais brancos acima dos 70 anos do que negros".
*Com informações do Instituto Pólis