Volta às aulas: Vereador denuncia pouca ventilação, falta de pias e até ratos em escolas municipais de SP

Inúmeras escolas não reabriram não capital paulista por conta da falta de condições sanitárias para proteger alunos e professores contra o contágio da Covid-19; Toninho Vespoli (PSOL) constatou "caos" nas unidades

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Um dia após o Brasil bater recorde na média móvel de mortes diárias causadas pela Covid-19, nesta segunda-feira (15), as escolas municipais de São Paulo, por determinação do prefeito Bruno Covas (PSDB), retomaram as aulas presenciais.

Covas, que impôs o retorno das aulas in loco com 35% da capacidade de cada unidade, garante que o retorno é seguro e que a prefeitura garantirá condições sanitárias para a segurança de professores, alunos e funcionários contra o contágio do vírus. No primeiro dia de retomada, entretanto, 580 escolas se mantiveram fechadas por não terem sequer equipes de limpeza, quanto mais estrutura para respeitar os protocolos contra a Covid.

O vereador Toninho Vespoli (PSOL-SP) decidiu visitar algumas unidades de ensino da rede municipal, nesta segunda-feira, para verificar as condições de funcionamento e, segundo ele, a situação é de "caos".

"Em um dia foram diversos exemplos de problemas na rede municipal que inviabilizam uma volta segura e minimamente o cumprimento de protocolos sanitários para evitar contaminação em massa em velocidade maior do que já estamos presenciando", afirma o vereador.

Entre os problemas constatados por Toninho, estão relatos de presença de ratos, escorpiões e até mesmo uma cobra em uma das unidades, falta de pias para os alunos lavarem as mãos, carência de álcool em gel, ausência de lixeiras, telefone e até materiais pedagógicos, janelas pequenas e pouca ventilação e "gabiarras".

Exatamente por conta da falta de condições sanitárias para garantir a segurança nas unidades de ensino que professores da rede municipal entraram em greve, sem data para terminar.

Confira, abaixo, o relatório elaborado pelo vereador a que Fórum teve acesso.

- No CEMEI Coreto de Taipas, DRE Pirituba, o vereador encontrou mato alto de forma generalizada nos espaços externos, inclusive com relatos de aparecimento de ratos, escorpiões e até de uma cobra. Além disso, não tem materiais pedagógicos, lixeiras, internet, telefone ou lavanderia;

- Na região de São Miguel Paulista, todos os CEIs com exceção dos CEUs só
retornarão no dia 22/2 por não terem condições iniciais de funcionamento;

- Na EMEI Aliomar Baleeiro as janelas são antigas, com pouca abertura e com telas do lado de fora, o que dificulta a limpeza e cumprimento de protocolos; Ainda na região de São Miguel o CEI JD Maia encontra dificuldade com a calçada toda quebrada que não cumpre as determinações de acessibilidade com rampas, por exemplo. Na EMEI Maria Quitéria falta ventilação, janelas pequenas, salas de equipes de limpeza e coordenação sem ventilação;

- Na região de São Mateus não foi diferente, a Caravana foi até o CEU Formosa, que não tem condições de retorno devido à manutenção na rede de distribuição de água. Um verdadeiro caos!

- Ainda da zona leste, a EMEF do CEU Quinta do Sol apresenta um problema
estrutural mais grave ainda diante desse contexto de pandemia. Simplesmente corredores inteiros sem nenhuma saída de ar e luz natural, apenas ventiladores instalados para tentar "remediar" a situação.

- Na região do Jaçanã/Tremembé, no CEMEI Pq Novo mundo a estrutura é diferente, não tem portões de contenção para outras partes do equipamento, portanto, as crianças deverão ficar dentro das salas para evitar que outros usuários do equipamento tenham fácil acesso aos bebês e crianças. Além disso, o elevador não funciona, a escola está sem pias para as crianças lavarem as mãos e fazerem escovação, bebedouros quebrados, tomadas fora do padrão, "gambiarra" na ligação de gás na cozinha, sem internet ou linha telefônica para contato com as famílias, falta de EPI para os profissionais, entre outras inúmeras irregularidades.

Outro lado

Após a publicação da reportagem, a secretaria municipal de Educação enviou nota à Fórum com informações sobre o retorno presencial às aulas e as medidas de segurança que vêm sendo adotadas.

Confira.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informa que as aulas presenciais iniciaram nesta segunda-feira (15) em 3,4 mil escolas da rede com ocupação máxima de 35% dos alunos como determinados pelo protocolo de retorno às aulas. Cerca de 530 unidades que tiveram rompimento do contrato para serviço de limpeza pelas prestadoras de serviço, iniciaram suas atividades de forma online e voltarão a atender os estudantes nos locais nos dias 22 de fevereiro e 1º de março. Outras 50 unidades que estão com reformas em andamento ou ainda não concluídas retomarão o atendimento físico até o final de março. As equipes gestoras de todas as unidades permanecem com atividades em andamento.

Como ressaltou o Secretário Fernando Padula, "nossa orientação não é um retorno a qualquer custo. Se por algum motivo alguma escola não estiver preparada, permanecerá fechada até que o problema seja solucionado". O investimento até agora é de R$571 milhões em reformas e compra de equipamentos para garantir a retomada segura das atividades. Do total de recursos destinados para a adequação das escolas ao protocolo de higiene e segurança elaborado em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde, R$274 milhões foram utilizados na reforma de 552 escolas e R$297 milhões na compra de 760 mil kits de higiene (sabonete líquido, copo e nécessaire), 2,4 milhões de máscaras de tecido, 6,2 mil termômetros e 75 mil protetores faciais (face shield).