Testemunha do massacre de Pau D’Arco foi ameaçada antes de ser morta, mostra Fantástico

Fernando dos Santos Araújo foi assassinado em janeiro com tiro na nuca; ele pretendia sair do lote em que vivia, próximo à Fazenda Lucia, no dia seguinte ao que foi morto

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O trabalhador rural Fernando dos Santos Araújo, testemunha-chave da operação policial que ficou conhecida como Massacre de Pau D’Arco, recebeu ameaças de morte dias antes de ser assassinado, no dia 26 de janeiro. A denúncia foi feita pela jornalista Ana Aranha, da Repórter Brasil, e mostrada neste domingo (14) no “Fantástico”, da TV Globo.

O massacre aconteceu em maio de 2017, na cidade de Pau D’Arco, no Pará. Foi na fazenda Santa Lúcia que, sob a justificativa de estarem cumprindo um mandado de prisão de suspeitos de envolvimento na morte de um segurança, que policiais civis e militares assassinaram 10 trabalhadores sem-terra – nove homens e uma mulher – que ocupavam o loteamento.

Um dos únicos sobreviventes da ação, Fernando tinha entrado no programa de proteção a testemunhas. Seu namorado foi morto na chacina. Mas ele não se adaptou ao programa e voltou à Santa Lúcia. Em um lote próximo, ele montou um bar e morava nos fundos do imóvel.

A jornalista prepara um documentário sobre o caso e passou a conversar com Fernando. Dias antes de morrer, ele disse que estava sendo ameaçado de morte se não mudasse seu depoimento. No dia em que foi assassinado, ele mandou uma mensagem de áudio para Ana, na qual disse que pretendia ir embora no dia seguinte. Ela perguntou se era por causa das ameaças. Ele respondeu: “É por isso mesmo, eu vivo aqui ansioso, então é melhor sair daqui”. Ana ainda enviou uma mensagem perguntando se poderia ajudá-lo de alguma forma, mas conta que ele já não a ouviu, pois tinha sido morto.

Ela falou sobre o caso em seu Twitter.

https://twitter.com/anaranha/status/1361095436954664966

Sem perícia

Vizinhos foram ouvidos pelo Fantástico e contaram que estranharam o fato de não ter sido feita perícia em Fernando. Eles disseram que uma funerária foi ao local e levou o corpo, sem nenhuma análise antes.

Depois do assassinato de Fernando, outra testemunha-chave da chacina, que vivia em um lote próximo, abandonou sua casa e fugiu.

Um total de 16 policiais estão envolvidos no caso, sendo investigados. Eles devem ir a júri popular, mas não há data para isso. Os agentes continuam na ativa.