Coordenador de vacinação do Fórum de Governadores, Wellington Dias (PT-PI) afirmou que recebeu a informação de técnicos do Ministério da Saúde de que as vacinas para serem utilizadas em crianças entre 5 e 11 anos deverão ser entregues ao Brasil a partir de janeiro.
"Há perspectiva real de poder entregar ao Brasil a vacina para crianças já a partir de janeiro, havendo um contrato com o Ministério da Saúde. Não podemos perder a oportunidade das vacinas, como perdemos lá atrás", disse Dias à coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
O imunizante utilizado para a faixa etária é o da Pfizer, que foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já é administrado em crianças em outros países, como Estados Unidos e Canadá.
O tema, no entanto, enfrenta resistência do governo Bolsonaro. O Ministério da Saúde abriu, na noite desta quinta-feira (23), uma consulta pública sobre a vacinação de crianças. Chefe da pasta, Marcelo Queiroga defende que a imunização seja feita somente com um atestado médico e a assinatura de um termo de consentimento por parte dos pais.
Desde o início da pandemia da Covid-19 até o dia 6 de dezembro, o Brasil contabilizou a morte de 301 crianças entre 5 e 11 anos em consequência do coronavírus. O dado corresponde a 14,3 óbitos por mês ou um a cada dois dias, segundo a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI).
"Tem que haver empenho", diz infectologista Marcos Caseiro
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou, nesta sexta-feira (24), carta de Natal, assinada pelo presidente da entidade, Carlos Lula, em que rejeita a obrigatoriedade de receita médica para a vacinação de crianças contra a Covid-19.
O grupo afirma que crianças “não precisam ter medo de agulhas”, pois a imunização contra o coronavírus é segura e eficaz. “Eu sei que ninguém gosta de agulhas, mas vocês não precisam ter medo! Os cientistas do mundo inteiro apontam a segurança e eficácia da vacina para crianças! Ela inclusive já começou a ser aplicada em meninos e meninas de vários países do mundo”, pontuou o conselho.
Apesar de considerar uma boa medida, o médico infectologista Marcos Caseiro pontuou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia, que há uma lógica dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Quem compra a vacina é o governo federal. Então, de alguma maneira, nós estamos na mão do governo, que tem que fazer o empenho pra comprar as vacinas”, alertou. “Não adianta o Conass liberar. A gente precisa ter a vacina e o governo está protelando. Vai chegar um momento em que vão dizer: ‘tudo bem, vamos comprar’. Até comprar, empenhar e tal, elas vão chegar só em fevereiro ou março. É disso que se trata”, lamentou.