Merval Pereira, o jornalista que há décadas serve de porta-voz dos interesses da família Marinho, disse nesta quinta-feira (23) durante um programa na Rádio CBN que os advogados do ex-presidente Lula, ligados ao Grupo Prerrogativas, reclamavam dos desmandos e da falta de isenção e de respeito ao devido processo legal praticado pelos juízes e procuradores na Operação Lava Jato, mas que agora ficam dando apoio político aberto à candidatura do líder petista à Presidência da República.
A ladainha começou quando seu parceiro de estúdio, o jornalista da área de economia Carlos Alberto Sardenberg, comentou sobre uma foto do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, em que ele aparece de sunga e usando uma beca, a roupa negra usada por advogados nos tribunais, segurando uma taça de vinho. Há alguns meses Kakay já havia divulgado uma imagem em que aparecia de bermuda dentro do STF. Isso foi o suficiente para que Merval começasse uma interminável choradeira de pitangas.
“Eles vivem dizendo que o Moro conspurcou a toga, que o Moro denegriu a toga, e eles ficam fazendo esse tipo de coisa. É como o outro advogado lá, o Alberto Toron, que naquele jantar do Prerrogativas entregou uma toga pro Lula. Isso é um absurdo, deveria ser repreendido pela OAB! A troco de que se vai dar uma toga pro Lula? E não é só pro Lula, pra qualquer outra pessoa. E pro Lula especialmente, porque quis dizer com isso que o Lula foi inocentado das acusações, e não é verdade”, disse indignado.
A partir da história envolvendo a foto de Kakay, Merval aproveitou para fazer o que mais está acostumado a realizar no jornalismo do Grupo Globo: atacar Lula, a esquerda e qualquer coisa que remeta a eles, sempre construindo analogias enviesadas e desconexas.
“Eu acho que expectativa de poder subiu à cabeça deles, sabe? E essa perspectiva que o Lula volte a ser presidente, acho que tudo isso junto, subiu à cabeça deles. Eles estão completamente deslumbrados com a possibilidade da volta do Lula ao poder e de não haver uma retomada do processo de combate à corrupção, até porque eles todos são advogados criminalistas, e acusavam a Lava-Jato de abusos e de ferir a legislação e o devido processo penal e de repente você descobre que eles não estavam defendendo o processo legal, a democracia, a justiça, eles estavam fazendo um trabalho político, eles estão fazendo homenagens ao Lula dizendo que ele merece ser presidente, voltar à Presidência. Ah, isso não tem nada a ver com prerrogativas de juízes, de advogados e de réus. Esse jantar que eles fizeram no Rubaiyat em São Paulo é um escândalo, porque foi um jantar político”, disse, ressentido.
Sobrou bordoadas até em Geraldo Alckmin, o ex-governador de São Paulo que saiu do ninho tucano e que é visto como o nome mais provável para compor a chapa com Lula no próximo ano. E ainda se seguiram as críticas aos advogados do ex-presidente.
“Foi a primeira vez que o Alckmin se encontrou em público com o Lula, trocaram afagos, os trocaram abraços... E vários líderes políticos da esquerda brasileira estavam convidados. Então, que história é essa? Eles poderiam estar festejando a vitória deles na justiça e tal, sem essa conotação política. Eles ali se revelaram”, resmungou.
Por fim, numa comparação cínica e esdrúxula, Merval resolveu colocou em pé de igualdade a postura dos advogados de defesa do petista com as ações ilegais, antiéticas, indecorosas e incabíveis de Moro e dos procuradores da Lava Jato durante o processo de Lula, na tentativa de criar uma equivalência entre a imparcialidade e a neutralidade exigidas de magistrados e a conduta que se espera de advogados, que têm lado, defendem uma causa e podem tomar partido de pontos de vistas da forma como acharem melhor.
“Assim como eles acusam o Moro de ter sido parcial, eles são parciais, parciais demais! Tudo que eles fazem em defesa daqueles que foram supostamente julgados e injustiçados, dos que sofreram abuso de autoridade por parte do Moro e dos procuradores de Curitiba, não tem nada a ver com isso! Tem a ver com posição política. Eles assumiram uma posição de políticos”, finalizou o mandachuva do maior conglomerado de comunicação da América Latina.