Anunciada com pompas pelo governo Jair Bolsonaro (PL) cerca de seis meses antes de cancelar todos os vôos neste final de ano, a Itapemirim informou nesta terça-feira (21) que está oferecendo lugares em seus ônibus aos clientes que compraram passagens aéreas nos voos da companhia.
A Itapemirim Transportes Aéreos (ITA) ressala que a orientação é que os clientes que estejam fora de seu domicílio e que tenham viajado anteriormente com a empresa entrem em contato para serem alocados em viagens rodoviárias.
A ITA suspendeu suas operações em todo o país, deixando desassistidos os passageiros que esperavam a hora de embarcar.
Segundo nota da empresa, aqueles que ainda estiverem em sua cidade de origem com voos programados a partir de hoje terão os valores reembolsados integralmente.
A estimativa é que a paralisação da empresa afetou 40 mil clientes que tinham passagens para os 514 voos programados até 31 de dezembro.
Nascida em meio à polêmica, já que o grupo teria decretado falência, a ITA poderá ser multada em até R$ 11 milhões como prevê o Código de Defesa do Consumidor, e ser obrigada a reparar o dano material e moral – por meio de uma ação civil pública que deve ser proposta contra a empresa ou contra os sócios por meio do Procon.
A empresa também foi intimada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a prestar assistência aos clientes que compraram passagens com a companhia. A Anac exigiu da empresa informações sobre as providências previstas para honrar os bilhetes vendidos e reacomodar os passageiros.
Em nota, a Anac reiterou que a responsabilidade de reacomodar os passageiros em outros voos é da ITA e que os clientes não devem ir aos aeroportos antes de confirmarem a realocação em outro voo.
“A agência orientou a priorização da reacomodação dos menores desacompanhados e dos passageiros com necessidade especial, que estavam em processo de deslocamento na noite de sexta-feira (17) e na manhã de sábado (18). O compromisso do setor é o de contribuir para a superação do transtorno e reduzir os prejuízos causados aos passageiros pela empresa ITA”, afirmou a autarquia.
Golpe
Além de criar problemas para cerca de 40 mil clientes, a ITA ainda está sendo acusado de golpe por investidores.
Proprietário do Grupo Itapemirim, o empresário bolsonarista Sidnei Piva de Jesus teria dado um golpe em centenas de investidores que investiram cerca de R$ 400 mil nas criptomoedas CrypTour, moeda digital lançada em julho deste ano pelo grupo de transporte.
Após o fim dos vôos da companhia, a plataforma da Extrading Exchange & Trading Platform e Future Design Solutions Ltda (FDS), que desenvolveu o sistema para captação do dinheiro foi retirada do ar e não há nenhum tipo de contato para pedir o resgate ou simplesmente ter acesso a informações sobre o destino do dinheiro.