Após perder filha de 8 anos para Covid, mãe clama por vacinação infantil

Caso trágico, ocorrido em Guarujá (SP), ocorre no momento em que o presidente Jair Bolsonaro endurece o discurso negacionista direcionado à imunização de crianças, fomentando ameaças de seus seguidores contra técnicos da Anvisa

Redes sociais
Escrito en BRASIL el

O caso de Ana Luísa dos Santos Oliveira, de 8 anos, que morreu de Covid-19 em há pouco mais de uma semana (12) em Guarujá, no litoral de SP, é um exemplo claro da importância de se imunizar crianças e adolescentes contra o Sars-Cov-2.

A menina foi internada em 11 de novembro, mas a melhora tão desejada pela mãe, a vendedora Valkíria Alice dos Santos, de 39 anos, não veio. Durante um mês no hospital a criança só piorou e acabou não resistindo. Agora, diante da tragédia que se abateu em sua vida, ela clama por agilidade na vacinação de crianças e adolescentes.

"Eu creio que, se ela tivesse tomado, poderia ter pego, mas não desse jeito. Seria fraco, e não tão agressivo do jeito que foi. Tem que liberar essas vacinas para as crianças", disse a mãe para a reportagem do portal G1.

A súplica de Valkíria pela imunização dos pequenos vem justamente no momento em que o presidente Jair Bolsonaro endurece seu discurso negacionista em relação à doença, inflamando as hostes ultrarradicais de seus seguidores para que persigam e intimidem os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que liberaram as doses para o público infantil.

"Eu peço para os pais tomarem cuidado com as crianças, os que pensam que [a doença] é fraquinha. Eu também pensava, os sintomas nem apareceram, e quando fui ver, já tinha tomado conta dela. Eu não demorei para correr com a minha filha para o hospital, fui na hora certa, e o médico falou isso. Só que foi tão traiçoeira, foi muito rápido. Fiquem em cima das vacinas. Se funcionou para nós, vai funcionar para as crianças também", disse a mãe, desconsolada.

Menina cuidadosa, assim como a família

Ana Luísa era, segundo a mãe, muito cuidadosa com os hábitos de higiene e de distanciamento para evitar o contágio da Covid-19. Valkíria conta que a menina usava álcool em gel toda hora, tinha uma bolsinha para carregar máscaras e que exigia o uso da proteção por parte de todos. Só voltou às aulas presenciais porque pediu a ela, já que não aguentava mais ficar em casa.

A mãe diz também que a filha não tinha qualquer comorbidade, mas que os médicos ventilaram a hipótese da doença ter se agravado pelo fato da criança ser gordinha, já que estar acima do peso piora os sintomas da Covid-19.

"Aqui em casa, a gente falava que, graças a Deus, ninguém pegou nesses anos todos, mas de repente veio esse baque. Não é que a gente desleixou não, mas aconteceu essa fatalidade com ela. Não sei se foi na escola, por mim eu nem levava, mas ela queria muito, acho que estava cansada de ficar tanto tempo dentro de casa", lamentou Valkíria.