O autêntico caos provocado pela suspensão dos voos da Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), que pode deixar no chão até o dia 2 de janeiro cerca de 40 mil passageiros, teve o aval do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
Ele afirmou, nesta segunda-feira (20), que a Itapemirim passou pelo processo de certificação de operação, o que é de se estranhar. Além disso, disse que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgão responsável por fornecer o certificado, seguiu os trâmites corretos e se “cercou de todos os cuidados” em relação à empresa.
“Ela (a Itapemirim) tinha todas as condições de operar e vinha até com uma proposta interessante de operação rodoviária com operação aérea. E, em tese, era um diferencial em relação a outras companhias”, declarou Freitas.
Na sexta-feira (17), a Itapemirim divulgou que iria paralisar “temporariamente” todas as suas operações, alegando uma “reestruturação interna”. Porém, em seguida, a Anac suspendeu o Certificado de Operador Aéreo da companhia.
O ministro de Bolsonaro ressaltou, ainda, que a empresa aérea passou por todas as fases para obter a certificação. Ele destacou que o grupo de recuperação judicial da empresa foi questionado a respeito da situação fiscal da companhia.
“Quem respondeu foi o Ministério Público. Havia uma diferença de CNPJ, ou seja, quem está em recuperação judicial é a empresa rodoviária e esse CNPJ que nasceu com a empresa aérea tinha todas as certidões negativas e isso também foi uma checagem feita pela empresa reguladora. Então, nós tínhamos as certidões negativas, fiscal, trabalhista, previdenciária. A partir daí ela obteve o certificado de operação”, tentou se justificar.
O ministro afirmou, também, que a Anac instalou um comitê de crise e tem feito reuniões com integrantes da Itapemirim, com o objetivo de minimizar o estrago que atingiu milhares de consumidores, segundo O Globo.
Recuperação judicial
Estranhamente, a Anac aprovou a concessão à Itapemirim Transportes Aéreos Ltda. em maio deste ano, em Reunião Deliberativa Eletrônica, para exploração de serviços de transporte aéreo público regular e não regular de passageiro, carga e mala postal, doméstico e internacional.
A Viação Itapemirim S/A, que faz transportes terrestres, está em recuperação judicial. O que se diz no mercado é que a empresa, ao invés de pagar seus credores, teria jogado todo o seu capital ativo na empresa aérea. Seis meses após iniciar suas operações veio a suspensão dos voos.
Live recuperada
Na live, recuperada por internautas, Tarcísio Freitas comemora a novidade com Bolsonaro:
“A Itapemirim estava conosco mostrando os investimentos que vai fazer no transporte de passageiros e no transporte aéreo. Eles estão habilitando a empresa agora para começar a operar no transporte aéreo”.
“E aquela orientação que você fez para o transporte aéreo, fala alguma coisa sobre aquilo lá”, pede Bolsonaro.
“Presidente, é o programa voo simples, que é um programa de desregulamentação, de simplificação do transporte aéreo. E isso nasceu porque a gente vinha escutando os pilotos, as profissionais das empresas de transporte de aviação agrícola, de aviação experimental, de aviação executiva, a dificuldade que eles tinham, os custos que eles tinham”, respondeu Tarcísio.
Caos em aeroportos
Diferentes aeroportos brasileiros registraram, na noite desta sexta-feira (18), tumulto, aglomerações e protestos de passageiros que tiveram seus voos cancelados após a suspensão das atividades da ITA, companhia aérea da empresa Itapemirim.
Clientes foram pegos de surpresa, perderam seus voos e, sem maiores explicações da empresa, relataram caos em aeroportos. Nas redes sociais, muitos expressaram indignação e cobram da ITA uma solução em meio às viagens marcadas justamente na semana que antecede as festas de final de ano.