Bolsonarista que ameaçou Lola Aronovich de morte é condenado a 15 anos de prisão

Segundo a blogueira, homem fazia parte da quadrilha de Marcelo Valle Silveira Mello, grupo nazista e misógino que a atacou durante 7 anos

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Escrito en BRASIL el

O Ministério Público de São Paulo condenou a 15 anos de prisão um homem que fazia parte da quadrilha de Marcelo Valle Silveira Mello, condenado a 41 anos de prisão. Durante sete anos, o grupo nazista e misógino atacou e ameaçou a professora universitária Lola Aronovovich, autora de um dos blogues feministas de maior expressão no Brasil, o Escreva Lola Escreva.

O homem, condenado nesta quinta-feira (2), fez há alguns anos atrás um vídeo dizendo que tinha sido aluno de Lola e que ela teria oferecido melhorar sua nota em troca de sexo. Depois, fez outra gravação jurando que mataria a blogueira.

"Recebi a notícia hj do Ministério Público de SP, q termina assim a comunicação: 'Desejamos que tal informação traga paz ao seu espírito e renove sua confiança na justiça'. Renova um pouquinho sim, obrigada!", comemorou Aronovich nas redes sociais.

Na foto publicada por Lola, o homem aparece em frente a um outdoor com a foto do presidente Jair Bolsonaro (PL) e os dizeres: "É melhor Jair se acostumando", em Franca, São Paulo. Além disso, ele usa uma camiseta com o rosto do mandatário.

https://twitter.com/lolaescreva/status/1466447280102330379?s=20

Segundo Lola, o homem seria um "mascu" (abreviação para "masculinista"), termo para se referir a esses perfis que se escondem no anonimato das redes para atacar mulheres.

Prisão de Marcelo, líder da quadrilha

Marcelo foi condenado em dezembro de 2018 a 41 anos, seis meses e 20 dias de prisão por associação criminosa, divulgação de imagens de pedofilia, racismo, coação, incitação ao cometimento de crimes e terrorismo cometidos na internet. 

Lola foi uma das primeiras a denunciar a ação de Marcelo nas redes – e foi uma das vítimas. Em 2015, ela denunciou Marcelo por criar no nome dela um site que trazia posts que incentivavam a queima de bíblias, nos quais o perfil falso que se fazia passar pela autora dizia vender Misoprostol, o medicamento mais utilizado para a realização de abortos.

A ação do incitador foi repercutida por figuras como o cantor Roger, do Ultraje a Rigor, e Olavo de Carvalho, que divulgaram o blogue em seus perfis no Twitter, o que, segundo ela, contribuiu para que o site viralizasse.

Ele também foi condenado à reparação de danos de R$ 1 milhão e ao pagamento de 678 dias-multa (no valor de um décimo do salário mínimo vigente em dezembro de 2016).

Na sentença, o magistrado também disse que Mello tinha por hábito denunciar às autoridades postagens anônimas que ele mesmo produzia, na tentativa de se manter acima de qualquer suspeita.

Ao fixar a reparação de danos, o juiz afirmou que, mesmo já tendo sido condenado uma vez, “o réu não só voltou a praticar delitos da mesma natureza (racismo e divulgação de imagens de pedofilia) como outros até piores do que aqueles objeto da condenação anterior, demonstrando que a pena corporal não é suficiente.”