A conclusão das investigações sobre o assassinato de Kathlen Oliveira Romeu, de 24 anos, em 8 de junho de 2021, apontou que o tiro que a matou foi disparado por um policial. O fato não surpreendeu o designer gráfico e tatuador, Marcelo Ramos Silva, namorado da jovem.
“Desde o início, a gente tinha certeza que os disparos tinham saído da arma de um policial e que não havia tido confronto. Isso pelos relatos dos próprios moradores, que viram, inclusive, os policiais adulterando a cena do crime, tirando as cápsulas do chão. Então, a gente nunca teve dúvida disso, só estava tentando comprovar”, disse Marcelo, em entrevista à Fórum.
Kathlen era designer de interiores e foi morta no Complexo do Lins, zona norte do Rio. Ela estava grávida de quatro meses e foi atingida fatalmente por um tiro de fuzil no tórax, durante uma ação policial.
De acordo com denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), cinco policiais mexeram e mudaram a cena do crime: o capitão da PM Jeanderson Corrêa Sodré; o 3º sargento Rafael Chaves de Oliveira; além dos cabos da PM Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano.
Ainda conforme o MP, os cabos Rodrigo Correia de Frias e Marcos da Silva Salviano fizeram disparos e um dos tiros acertou Kathlen, matando a jovem no local.
“Havia muitas pessoas confrontando a nossa verdade”, ressalta Marcelo
“Graças a Deus, com o laudo, a gente tem essa informação oficializada. Havia muitas pessoas confrontando a nossa verdade, mas agora está comprovado que, de fato, é uma verdade. Não houve confronto e a bala saiu de um policial”.
Apesar da confirmação oficial de que os responsáveis foram agentes da Polícia Militar (PM), Marcelo não pensa em descansar: “A gente vai continuar lutando. Isso, de longe, não é suficiente. É um pequeno passo. A gente quer Justiça, que os policiais sejam punidos, que o Estado seja punido e que o Ministério Público se posicione, também, em relação ao crime, porque eles estão sendo denunciados pela fraude processual e eles têm que ser denunciados pelo assassinato da Kathlen Romeu. É o principal ponto disso tudo”, destaca.
“Por isso, a gente vai continuar cobrando, em cima, não vai deixar ‘a poeira baixar’, contando com a mídia para que a gente consiga, cada vez mais, mostrar isso e cobrar para que a Justiça, de fato, seja feita. E que todas as outras vítimas e, infelizmente, os familiares das futuras vítimas, se sintam representados por isso e possam ter esperança”, acrescenta Marcelo.