A crise no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) só aumenta, colocando em risco a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A menos de suas semanas para a realização das provas, 29 funcionários do órgão pediram exoneração, nesta segunda-feira (8).
Inicialmente, foram anunciados 13 pedidos de demissão. No entanto, mais 16 funcionários se juntaram à lista e solicitaram exoneração em seguida.
O pedido de demissão em massa ocorre às vésperas da realização do exame, sob responsabilidade do Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação. As provas estão marcadas para 21 e 28 de novembro e devem contar com a participação de 3 milhões de estudantes.
O desligamento em série ocorre dias depois do pedido de exoneração do coordenador-geral de exames para certificação, Eduardo Carvalho Sousa, e do coordenador-geral de logística da aplicação, Hélio Junior Rocha Morais.
Na quinta (4), inúmeros servidores já haviam realizado um ato de protesto contra o presidente da instituição, Danilo Dupas. No dia seguinte, os dois coordenadores apresentaram seus pedidos de demissão.
“O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e os Censos da Educação Básica e da Educação Superior estão em risco, em razão das decisões estratégicas que estão sendo adotadas no âmbito da Presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)”, declararam os representantes dos servidores, de acordo com informações do Metrópoles.
Ainda conforme os funcionários, “a situação sistêmica do órgão e a fragilidade técnica e administrativa do Inep” são algumas das justificativas para a crise e que a ação “não se trata de posição ideológica ou de cunho sindical”.
Falta de gestão e de políticas públicas
O ex-ministro da Educação e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante (PT), denuncia a crise no órgão.
“A completa falta de gestão e de políticas públicas, que tomou conta da educação brasileira no governo Bolsonaro, desta vez, ameaça a realização do próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”, relata.
“O atual presidente do Inep já é o quarto do governo Bolsonaro e tem uma gestão marcada por acusações de assédio, desmontes e falta de rigor técnico na tomada de decisões”, acrescenta Mercadante.