Comandada por um prefeito bolsonarista, Jânio Natal (PL), a cidade de Porto Seguro, no sul da Bahia, agora vai celebrar o "Dia do Homem" todo 1° de novembro. Paraíso turístico, a cidade é a mesma cidade que escolheu uma médica negacionista para comandas as ações contra a Covid-19 com o ineficaz tratamento precoce.
O "Dia do Homem" surgiu em Porto Seguro por iniciativa do vereador Eduardo Tocha, ironicamente eleito pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB). Parlamentares de Podemos, PL, Pros, PSC, Avante, PCdoB e PSD votaram a favor. Apenas um vereador do DEM, Vinicius Parracho, e um do PSC, Kempes 'Bolinha do Mirante', foram contrários.
Com a sanção de Jânio Natal, no fim de outubro, ficou autorizada a "utilização de escolas e demais prédios públicos para a realização de palestras, seminários, exposições e eventos correlatos promovidos pelo Executivo Municipal, versando sobre a importância do homem na sociedade".
Em entrevista ao jornalista Franco Adailton, da Folha, Tocha justificou a proposta do Dia do Homem em Porto Seguro: "Sou evangélico e nosso segmento preza muito o homem. Tudo quanto é problema incide no homem e queremos mudar isso".
"Temos um cuidado muito grande pela mulher, que já tem diversas ações públicas voltadas para ela. Estamos estudando o que elaborar para a mulher. Nós estamos motivando o Executivo a olhar mais o homem, em diversos serviços das nossas secretarias, sobretudo na saúde", disse ainda.
Porto Seguro bolsonarista
Durante a pandemia da Covid-19, o prefeito Jânio Natal optou por levar médica bolsonarista Raissa Soares para o comando das ações de combate à doença em 2021. Soares ganhou fama após propagar uma fake news de que teria sido demitida de um hospital pelo governador Rui Costa, do PT, por “perseguição política” após pedir ajuda a Jair Bolsonaro para que mandasse hidroxicloroquina para a unidade de saúde.
Soares defendia o suposto tratamento precoce, que não tem qualquer eficácia comprovada contra a Covid. A secretária chegou a ser internada com Covid-19 em dezembro de 2020, em São Paulo.
A bolsonarista foi exonerada das funções justamente no dia 1° de novembro.