Pesquisa revela os principais golpes cometidos pelo "cidadão de bem"

No país ensopado pelo discurso moralista anticorrupção, levantamento mostra que 20% daqueles que se dizem vítimas de algum tipo de fraude cometem atos ilícitos no dia a dia. Confira os deslizes da família tradicional brasileira

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Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que um de cada cinco brasileiros que reclamam ter sido vítimas de algum tipo de fraude também comete atos ilegais, sejam contra instituições privadas, pessoas físicas ou órgãos do governo.

Os dados apurados pelas duas entidades revelam que 20% do total de pessoas que reclamaram por meio virtual de terem sido alvos de golpes ou fraudes financeiras, algo em torno de 3,4 milhões de usuários, também assumiram cometer "deslizes", ou seja, atos ilícitos, no seu dia a dia.

É o que se pode chamar de "pecados" dos "cidadãos de bem", definição genérica autoproclamada que ganhou popularidade no Brasil nos últimos anos, estabelecida por quem mantém um ostensivo e repetitivo discurso conservador em nome de uma suposta honestidade inflexível.

O "gatonet", prática que consiste em furtar sinal de TV a cabo sem pagar à empresa operadora do serviço, junto com o uso ilegal de água, luz e telefone, é o mais comum entre os delitos cometidos pelo "cidadão de bem". Segundo a pesquisa da CNDL/SPC, a prática corresponde a 23,9% dos casos.

Em segundo lugar, com 15%, está um procedimento (golpe) que é pura malandragem: dizer que um determinado produto estava anunciado por outro preço para tentar convencer o lojista a vendê-lo mais barato. Na sequência, praticado por 14,4% dos entrevistados, vem outro clássico da "família tradicional brasileira", praticado há tempos, que é consumir alimentos dentro dos supermercados e abandoná-los antes de passar no caixa, para não pagar.

A lista é composta ainda por outros golpes, como cancelar compras feitas pela internet após receber o produto (13,9%), utilizar serviços em nome de terceiros para depois alegar que aquele pagamento não foi autorizado (13,9%), falsificação de comprovante de endereço ou de renda (12,2%), adulterar medidor de água ou luz (12,2%), mentir dizendo que um produto não chegou para receber outro ou o reembolso (11,7%), pedir estorno para recuperar o dinheiro e não devolver a compra (11,1%), fazer pequenos furtos em loja (11,1%) e usar plano de saúde de conhecidos ou familiares (10,6%).