Marcelo Fernandes de Aquino, reitor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), do Rio Grande do Sul, rejeitou nesta segunda-feira (29), rejeitou a medalha de Cavaleiro da Ordem de Rio Branco, condecoração oferecida pelo Itamaraty.
Em carta encaminhada ao Ministério das Relações Exteriores, Padre Marcelo, como é conhecido, afirmou que não receberá a medalha por discordâncias com o governo Bolsonaro. A concessão da honraria foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 26 de novembro.
"Declino de receber essa condecoração em virtude da atual incapacidade do Governo Federal de dar rumo correto para as políticas públicas para as áreas de Educação, Saúde, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia", escreveu Aquino.
Leia abaixo a íntegra da carta.
Renúncia coletiva de cientistas à condecoração
Em uma atitude inédita na comunidade científica brasileira, 21 cientistas renunciaram coletivamente à medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, condecoração que o governo Bolsonaro concedeu via decreto no dia 3 de novembro.
A motivação para a rejeição à honraria foi a exclusão, por parte do governo, de 2 cientistas que, a princípio, tinham sido agraciados: Marcus Vinícius Guimarães Lacerda, pesquisador da Fiocruz, e Adele Schwartz Benzaken, diretora da Fiocruz Amazônia. Os nomes deles constavam na primeira lista de agraciados, mas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) na sexta-feira (5), eles foram excluídos.
Ambos são alvos de ataques de bolsonaristas. Lacerda conduziu um estudo em 2020, no Amazonas, em que concluiu que altas doses de cloroquina não ofereciam benefícios a pacientes graves de Covid-19. Já Benkazen elaborava políticas para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis no Ministério da Saúde e foi demitida após a criação de uma cartilha sobre a saúde de homens transexuais.
Em carta aberta, os 21 cientistas que rejeitaram a medalha citam os colegas e destacam a incompatibilidade de suas trajetórias com o caráter negacionista de Bolsonaro.
“Enquanto cientistas, não compactuamos com a forma pela qual o negacionismo em geral, as perseguições a colegas cientistas e os recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência e tecnologia têm sido utilizados como ferramentas para fazer retroceder os importantes progressos alcançados pela comunidade cientifica brasileira nas últimas décadas”, escrevem.
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