Pessoas começaram a procurar unidades de saúde de São Paulo há cerca de três meses por causa da fome, de acordo com o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido. O primeiro caso que ocorreu foi em Parelheiros, na zona sul da capital paulista.
Uma enfermeira que trabalha na UBS da região relatou que toda semana atende crianças que pedem comida durante a consulta. Ela acrescentou que idosos diabéticos não conseguem controlar a glicemia porque têm apenas pão e bolacha para comer em casa.
Profissionais do postinho pedem doações e fazem vaquinhas entre si para a compra de cestas básicas. Idosos acamados e mães com filhos pequenos têm prioridade na distribuição. Outra medida é enviar os pacientes que se queixam de fome à assistência social para tentar incluí-los em algum programa municipal, estadual ou federal. Contatos com ONGs e igrejas também estão na lista de providências.
Uma longa e comovente reportagem realizada por Felipe Pereira e o fotógrafo André Porto para o TAB, do UOL, são relatadas várias histórias de pessoas que desmaiam nos postos de atendimento por falta de alimentação.
Situações idênticas
Assim que soube dos casos de Parelheiros, a secretária-executiva municipal de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde, Sandra Sabino, fez um levantamento e descobriu situações idênticas em quase toda a periferia de São Paulo. A lista de bairros inclui São Mateus, São Miguel Paulista, Guaianazes, Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista, Grajaú, M'Boi Mirim, Parelheiros, Jardim Ângela, Pirituba e Perus.
O monitoramento iniciado em setembro mostra que a situação está estável, ou seja, em algum canto de São Paulo, todo dia tem gente indo ao posto de saúde por causa de fome.
Idosos com fome
A assistente social Hilma Guilherme dos Santos está à frente do projeto Pai (Programa Acompanhante de Idosos), que gerencia os cuidados oferecidos a 120 idosos da região do Jardim Campinas. De acordo com ela, quase metade do público tem uma dieta carente em proteína; 10 passam fome.
Há casas em que idosos diabéticos não têm geladeira para guardar insulina.
Hilma conta que nessas famílias as pessoas comem o máximo que podem quando tem alimento na mesa.
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