A Agência Nacional de Mineração (ANM), segundo reportagem do diário carioca O Globo, deu permissão para que Silvio Berri Júnior, acusado de traficar drogas nos anos 2000 em aeronaves e de ser o principal piloto do megatraficante Fernandinho Beira-Mar, extraia ouro numa área amazônica de 48 hectares no Pará. Em 2020, Berri voltou a ser investigado pela Polícia Federal, na Operação Enterprise, por participar de um esquema de tráfico internacional chefiado por um ex-oficial da PM de São Paulo.
O mesmo órgão, subordinado ao Ministério de Minas e Energia, deu também 18 autorizações de garimpo ao acusado de tráfico Heverson Soares, conhecido como Compadre Grota, que mesmo respondendo por esse crime no Maranhão, Rondônia e São Paulo obteve as permissões para procurar ouro numa área de 762 hectares, o equivalente a 800 campos de futebol.
A região onde ficam as áreas exploradas pelos dois acusados de narcotráfico, no Médio Tapajós, ficou conhecida nos últimos anos como “cidade pepita”, por conta do grande volume de ouro encontrado no local com certa facilidade, próximo à superfície. No perímetro também ocorre uma modalidade criminosa chamada pelos policiais de “narcogarimpo”, que consiste numa mescla de ações ilegais envolvendo as duas atividades.
A reportagem do jornal conservador carioca procurou a Agência Nacional de Mineração para questionar as autorizações dadas a duas pessoas com notórios e graves problemas com a Justiça, mas recebeu como resposta que não é função da autarquia “pesquisar a vida pregressa, judicial ou afins” daqueles que são agraciados com concessões para minerar nessas terras, e que isso seria um problema “da Justiça e da polícia”.
As permissões para lavras garimpeiras, chamadas pela sigla PLG, são autorizações concedidas pelo governo federal para regularizar a atividade de pequenos trabalhadores desse ramo. Elas são previstas na Constituição de 1988, mas direcionadas a um outro perfil de garimpeiro, bem diferente dos dois beneficiados acusados de envolvimento com o narcotráfico internacional.