Em meio às críticas de ex-funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de que o governo de Jair Bolsonaro teria promovido uma intervenção no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a presidência Inep decidiu colocar sob sigilo processo sobre a entrada de um agenda da Polícia Federal (PF) em sala reservada do Enem.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, um policial federal entrou na sala protegida, conhecida como Ambiente Físico Integrado de Segurança (Afis), no dia 2 de setembro. Isso aconteceu duas semanas após o presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro, liberar "inspeção" da PF no local, o que nunca havia ocorrido.
O ofício que trata sobre essa liberação está inserido em um processo que foi colocado em sigilo pelo Inep, de número 23036.005279/2021-49. Não foi dada explicação para essa restrição.
Crise no Enem
O Enem vive uma crise nos últimos dias, principalmente após um desligamento em série de 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) depois do pedido de exoneração do coordenador-geral de exames para certificação, Eduardo Carvalho Sousa, e do coordenador-geral de logística da aplicação, Hélio Junior Rocha Morais.
Servidores do órgão responsável pelo exame afirmaram em reportagem ao “Fantástico” que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Enem 2021 para que evitassem escolher questões polêmicas que eventualmente incomodariam o governo Bolsonaro.
Segundo eles, houve tentativas de interferência no conteúdo das provas, situações de intimidação e despreparo do presidente do órgão, Danilo Dupas. O foco principal dessa intervenção seria as questões de história recente, em especial sobre a ditadura militar. Parlamentares de oposição solicitaram o afastamento de Dupas.
Durante viagem internacional aos Emirados Árabes, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que teria interferido no Enem. para que a prova tivesse "a cara do governo".