O consultor comercial Neferson Martins, de 28 anos, fez um longo desabafo em suas redes sociais, nesta quarta-feira (27), em que denuncia um suposto caso de racismo que sofreu ao longo de sua hospedagem em um hotel no Rio Grande do Sul.
Segundo Martins, que chorou ao fazer o relato, ele estava hospedado desde o início de outubro no hotel Travel Inn Axten, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, no âmbito de uma viagem de trabalho - as 30 diárias (R$8 mil) em que ficaria no local foram pagas pela sua empresa, de São Paulo.
Ele conta que, ao longo do período no hotel, foi submetido a perseguição e humilhação por parte dos funcionários. "Eu, por ser uma pessoa preta, parece que incomodava o tempo todo. Faltava sabonete, eles não colocavam de volta, toalha, cobertores, precisava eu ligar para a recepção todo dia e pedir. A governanta do hotel, mulher alta, branca, me olhava feio o tempo todo", declarou Martins.
Ele revela, ainda, que os funcionários do hotel mexiam constantemente em suas coisas no interior do quarto e que ele chegava, inclusive, a esconder pano no fundo do armário para poder usar no banheiro, já que os itens não eram repostos.
“A partir do momento que eu não fiz o check-out eu não estou roubando, porque ainda está tudo lá dentro. Foram dias morando em um hotel, sentindo falta de tudo. Aí eu comecei a guardar o cobertor dentro da minha mala para eles não tirarem, porque a cidade é muito fria", detalhou ainda.
Já na última terça-feira (26), segundo conta, o consultor comercial não conseguiu entrar em seu quarto pois o cartão de acesso estava bloqueado. Ele havia saído justamente para registrar um boletim de ocorrência na polícia contra o hotel. Foi então que ele teria sido convidado a se retirar do local, sendo que funcionários já teriam mexido em sua mala e colocado itens pessoais em sacos de lixo.
"Me obrigaram a sair como se eu fosse cachorro", lamentou. Na denúncia em que fez no Instagram, Martins publicou vídeo que mostra o momento em que foi expulso do hotel.
Em nota, o hotel Travel Inn Axten Caxias do Sul informou que "não constatou a prática de discriminação em suas dependências, de sorte que levou o fato ao conhecimento das autoridades públicas por meio de registro de ocorrência policial e seguirá colaborando para a correta elucidação do episódio" e que o hóspede teria infringido a proibição de fumar no quarto.
"A rede Travel Inn repudia e não autoriza a prática de qualquer tipo de discriminação, trabalha com a inclusão social e o respeito à diversidade", escreveu ainda a empresa.
A Polícia Civil de Caxias do Sul investiga o caso.