Criminosos envolvidos no tráfico internacional de drogas em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) tiveram reunião em fevereiro deste ano, em uma mansão no Lago Sul, região nobre de Brasília, para planejar o assassinato de duas testemunhas que os teriam delatado para a Polícia Federal (PF). As informações são da coluna Na Mira, do Metrópoles.
O encontro foi marcado após quatro homens terem sido alvos da Operação Quinta Coluna, deflagrada em 2 de fevereiro pela PF. Eram eles: o filho de um diplomata italiano, Michelle Tocci, conhecido como Barão do Ecstasy; Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama, o Chico Bomba; Augusto César de Almeida Lawal, o Guto; e Márcio Moufarrege, vulgo Macaco.
A mansão onde teria ocorrido a reunião (foto), avaliada em R$ 4 milhões, é de Marcos Daniel. A “conferência” do crime ainda contou com a participação de Alexandre Fuão, um amigo do grupo. Na ocasião, os homens debateram e chegaram à conclusão de que ao menos duas pessoas poderiam ter feito denúncias anônimas à corporação federal.
O quinteto reunido decidiu “passar” (matar) os dois delatores, cuja identidade foi confirmada por “uma fonte, um policial civil”, que ainda teria alertado um advogado do grupo sobre as denúncias recebidas por outra corporação.
Os homicídios, no entanto, não chegaram a ocorrer.
Aviões da FAB
Marcos Daniel Gama foi preso pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (18) sob a acusação de chefiar o tráfico de cocaína para Europa usando aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), como no episódio da apreensão de 39 kg de pasta base de cocaína por autoridades espanholas no aeroporto de Sevilha, em 2019, que estavam na aeronave da comitiva presidencial de Jair Bolsonaro.
“Chico Bomba” teria movimentado ao menos R$ 5 milhões em três anos, conforme indicam comprovantes de rendimento apresentados por ele junto à Receita Federal.
O auge dos rendimentos do suspeito foi em 2019, mesmo ano em que o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues foi preso, na Espanha, com 39kg de entorpecente. A suspeita é que os valores declarados à Receita Federal sejam apenas uma pequena parte das cifras milionárias movimentadas por ele, tanto em Brasília quanto na Bahia, onde fez investimentos.
O empresário comprou um apartamento de luxo, na Asa Sul de Brasília, por R$ 2,3 milhões, valor pago em espécie. Os auditores fiscais identificaram que a compra do imóvel foi feita em nome da ex-companheira do empresário e que a mulher, no mesmo dia, doou o imóvel à filha do casal.
Marcos Daniel comprou ainda uma casa no Lago Sul, região nobre de Brasília, por R$ 1,6 milhão. Do total, o suspeito pegou R$ 800 mil a título de empréstimo com o próprio pai. O valor restante foi repassado em espécie. O Fisco também concluiu que o empresário fraudou escritura pública da residência. Na certidão, ele afirma ter comprado o bem por R$ 800 mil, menos da metade do valor real.
Ele ainda comprou participações societárias em academias e uma construtora.