Uma história revelada pelo portal Metrópoles serve como um bom exemplo da confusão institucional e de valores pela qual a sociedade brasileira atravessa, sobretudo após o início do governo extremista de Jair Bolsonaro, que por ser superlotado de militares em sua estrutura acabou revelando ao país que a velha concepção de moral inflexível da caserna não passa de crendice.
Um cabo do Exército Brasileiro que foi autuado e multado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em R$ 270 mil reais por desmatar 26,8 hectares de floresta de uma reserva extrativista localizada no município de Basileia, no Acre, em 25 de junho de 2021, se inscreveu num processo seletivo para ser brigadista e combater incêndios florestais do próprio ICMBio.
Segundo a reportagem do Metrópoles, Leandro Ferreira de Barros foi autuado numa operação batizada pelo órgão como Tabatinga e responsabilizado por desmatar uma área equivalente a 37 campos de futebol. O militar foi encaminhado à delegacia da Polícia Federal e confirmou em depoimento que havia derrubado as árvores com a intenção de converter a área extrativista num espaço para pastagem e criação de gado.
Cinco dias depois, Leandro, que se inscreveu para a seleção de brigadistas do ICMBio, que têm como função agir em focos de incêndio que destroem as florestas nos períodos mais secos, realizou a primeira parte do concurso, mas não foi aprovado. O cabo recorreu da decisão da banca com os argumentos de que apresentou toda a documentação necessária para os candidatos e que havia tirado uma excelente nota no teste de aptidão física.
O ICMBio deu como motivo para desclassificação do militar a suposta falta de documentos, contrariando a versão de Leandro que estaria em dia quanto a essa exigência, e não a autuação recebida por ele por conta do episódio do desmatamento. A entidade não aceitou a contestação do candidato e o manteve eliminado.