A Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) realizou em 3 de setembro de 2020 um seminário que tratou do “direito” de pacientes com Covid-19, ou daqueles que tenham medo de serem infectados pelo Sars-Cov-2, a fazer uso do tal “tratamento precoce”, que nada mais é do que uma terapêutica, ou profilaxia, à base de medicamentos sem qualquer resultado contra a doença provocada pelo novo coronavírus e que em muitos casos acarreta em graves efeitos colaterais e até morte.
O evento, que aparentemente passou despercebido do grande público e da imprensa, contou com a participação do então ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, general do Exército e sem qualquer formação na área científica, Antonio Kalil, diretor médico e de ensino e pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS), Francisco Cardoso, médico infectologista e alguns procuradores da República.
Ao que tudo indica, a ESMPU, uma instituição voltada à profissionalização e aperfeiçoamento jurídico dos procuradores do Ministério Público da União, fez coro à claque bolsonarista ao incentivar e discutir a aceitação a uma conduta médica que cientificamente não tem qualquer eficácia no enfrentamento à mais grave pandemia surgida no mundo nos últimos 100 anos, contrariando pareceres e orientações de respeitados órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), que desaconselhou o procedimento em julho de 2020, e o Food and Drug Administration (FDA), a agência federal dos EUA para medicamentos e alimentos, tida como uma das maiores bússolas do setor do mundo, que revogou qualquer normativa permitindo o uso da cloroquina, por exemplo, três meses antes do seminário, ainda em junho do ano passado.