A Associação de Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), entidade que representa mais de 40 empresas do ramo em vários pontos do país, afirmou que há risco de desabastecimento nos postos brasileiros após as conveniadas terem recebido comunicados da Petrobras que informavam cortes nos pedidos solicitados, em muitos casos de até 50%.
Se de fato faltar combustíveis, a Brasilcom diz que precisará importar o produto e que os custos serão automaticamente repassados aos consumidores, provocando uma disparada ainda maior nos preços da gasolina e do diesel, que já são alguns dos principais vilões na escalada inflacionária que marca a gestão econômica do governo Bolsonaro.
“A consequência desse suprimento (por meio de importação) será o efeito nos preços dos combustíveis, uma vez que, segundo os importadores, os produtos no exterior estão em torno de 17% acima dos produtos locais”, diz um trecho da nota divulgada pela entidade que congrega as distribuidoras brasileiras.
A Brasilcom afirma ainda que caso a importação se confirme, nada poderá ser feito para se evitar a disparada dos preços nas bombas, visto a “impossibilidade de compensar as reduções de fornecimento por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual entre os preços do mercado internacional, que estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil”.
Petrobras confirma
Depois de negar a hipótese de desabastecimento na última sexta-feira (15), a Petrobras resolveu admitir o problema nesta terça (19) e assumir que o cenário pode ocorrer de fato. Segundo a petrolífera, como houve aumento de 20% na demanda por diesel e 10% por gasolina em relação ao mesmo período do ano passado, as refinarias estariam no limite de suas produções, o que pode resultar em falta dos produtos.
Só em 2021, o aumento do óleo diesel nos postos já atinge 30% e só não é maior por conta de subsídios aplicados pelo governo, enquanto o aumento da gasolina já teria passado dos 51% no mesmo período. Para piorar, os caminhoneiros estariam ensaiando uma greve a partir de 1° de novembro devido aos reajustes incessantes do combustível e por outras razões políticas, especialmente depois dos recuos de Bolsonaro em relação à categoria após o feriado da Independência, quando os caminhoneiros teriam se sentido usados pelo presidente.