O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, responsável por resguardar a integridade física do chefe de Estado brasileiro, abriu edital nesta terça-feira (19) para a compra de dois drones que serão usados para "proteger" Jair Bolsonaro. O gasto? Pouco mais de R$ 645 mil.
O texto, publicado no Diário Oficial da União, descreve os dois equipamentos como "aeronaves não tripuladas e remotamente pilotadas, tipo multi-rotor, com capacidade de decolagem na vertical e acessórios". A desculpa para o gasto exorbitante e desnecessário também consta no edital: "A proteção pessoal ao Presidente da República, em particular, avulta de importância, fruto de uma agenda de eventos e viagens dinâmica, de compromissos oficiais e privados, os quais envolvem cenários complexos e distintos, locais controlados ou não, e uma intensa interação com público variado".
Destinar vultosas quantias de dinheiro público para atividades improdutivas, lazer e para manter o estilo de vida nababesco de Jair Bolsonaro não é novidade. Só com os passeios motociclísticos com seus seguidores extremistas que servem de campanha eleitoral antecipada, o presidente já torrou do erário mais de R$ 3 milhões de reais.
As viagens dos filhos presidenciais também custam caro aos brasileiros. Ainda que não revelem os valores exatos, idas como a do senador Flávio aos Lençóis Maranhenses em aviões da FAB, ou então a recente excursão "a trabalho" do deputado Eduardo aos Emirados Árabes Unidos, acarretam em enormes perdas para os cofres nacionais, além de macular a imagem institucional do país, que se vê obrigado a arcar com as despesas referentes a um estilo de vida sofisticado do clã que ocupa o Palácio do Planalto, enquanto a maior parte dos brasileiros vive uma carestia sem precedentes por conta da gravíssima crise econômica, para qual o governo sequer cogita trabalhar para uma solução.
Os gastos da família Bolsonaro usando o cartão corporativo da Presidência da República bateram o recorde histórico nos oito meses iniciais de 2021: R$ 5,8 milhões. O uso do dinheiro público pelo chefe do Executivo federal não inclui os gastos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que assessora o presidente e o acompanha com grandes comitivas Brasil afora, sendo referentes apenas aos custos com compras domésticas e pagamentos com viagens dos membros que integram a família que habita o Palácio da Alvorada.
Crise econômica, miséria e fome
A inflação registrada em setembro, de 1,20%, é a mais alta para o período dos últimos 27 anos e o acumulado do INPC nos últimos 12 meses chegou a 10,78%, outro recorde vergonhoso. O desemprego mantém-se em 14,8%, outro índice histórico e assustador, o que representa aproximadamente 15 milhões de brasileiros sem trabalho e outros 15 milhões que sequer buscam uma vaga, por desalento.
O buraco econômico e social cavado por Jair Bolsonaro que enterrou o povo brasileiro fez proliferar por todo território nacional anúncios que oferecem ossos, carcaças de frango, pés de galinha e pelanca para “reforçar” a dieta de seres humanos que viram seus empregos, renda e dignidade serem implodidos.
Até o macarrão instantâneo, popularmente chamado de “miojo”, teve um salto nas vendas, segundo a indústria que o produz. O que antes era visto como uma extravagância ou imprudência alimentar de adolescentes, hoje figura como gênero base para manter de pé famílias inteiras que driblam a fome para seguirem vivas.
No Rio de Janeiro e em Cuiabá, filas imensas se formam para receber como esmola os vergonhosos ossos. Mesma sorte não tiveram os catarinenses, que precisam pagar R$ 4 no quilo do “produto”. Em Niterói, “sambiquira”, ou “dorso”, eufemismos para a carcaça que sobra dos frangos, vêm sendo vendidos por R$ 8,69.
Numa rodovia que corta o estado do Mato Grosso, próximo ao município de Várzea Grande, o que chama a atenção é a placa ofertando pelanca a R$ 0,99. A imagem embrulha o estômago porque nos leva a pensar em como alguém consumiria tal coisa.
Sonia Cupido, uma auxiliar de contabilidade que mora em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, flagrou da janela de seu apartamento uma fila formada ao lado de um caminhão frigorífico, próximo de um supermercado, na qual pessoas aguardavam para comprar ossos e restos de carne bovina. A cena foi registrada na véspera do feriadão prolongado de Nossa Senhora Aparecida (7).