Quase 44% da população do Rio de Janeiro tem restrição de CEP. São moradores de comunidades, locais de difícil acesso entre outros. Este fenômeno de grandes proporções gera diversos problemas, entre eles a dificuldade que essas populações têm para receber correspondências e mercadorias compradas através do comércio eletrônico.
O serviço de e-Boxes da empresa Clique Retire, em parceria com a ONG Atitude Social, passou a instalar, desde dezembro, e-boxes ou armários inteligentes, na Vila Cruzeiro - uma das 13 comunidades do complexo da Penha, que reúne cerca de 120 mil moradores. A empresa detém a mais moderna tecnologia de armários inteligentes do Brasil e sua plataforma já opera em 14 países.
Emprego e renda ficam na comunidade
O serviço está sendo implementado em conjunto com a própria comunidade e conta com a participação ativa de moradores e fornecedores da região em diversas etapas do processo. Na hora de escolher promotores, gráficas e outros fornecedores, os locais foram priorizados. Conceito que se estendeu até parte da logística, que também foi terceirizada a uma empresa da própria Vila Cruzeiro, gerando renda, emprego e fomento da economia.
Além de retirarem suas encomendas para si e suas famílias, muitos empreendedores da comunidade – em sua maioria mulheres chefes de família que revendem produtos – poderão receber sem dificuldades as mercadorias que lhes garantem o sustento. Os e-Boxes estão instalados e em fase de testes dentro da sede da ONG Atitude Social.
Parte da renda arrecadada com as assinaturas será revertida para a Atitude Social, que atendia antes da pandemia quase 8.300 pessoas, de crianças à terceira idade, e hoje adaptou suas atividades de acordo com as normas de segurança. “Empresas com olhar social fazem muita diferença para quem passa tão despercebido, ainda mais num momento de alto desemprego”, diz Sandra Vieira, diretora-presidenta da ONG.
O diretor executivo da Clique Retire, Gustavo Artuzo, comemora a chegada da Clique à Vila Cruzeiro. “Apoiar a inclusão social dos moradores através de um direito básico, e ainda gerar emprego e renda, é muito gratificante. A iniciativa na Penha, apesar de recente, já é um sucesso, e nos encoraja a avançar imediatamente para centenas de comunidades. É com muita alegria que fazemos esse movimento. Enquanto crescemos, ajudamos pessoas de forma sustentável”, diz.
Dificuldades no recebimento
De acordo com a pesquisa Economia das Favelas – Renda e Consumo nas Favelas Brasileiras, feita pelos institutos Data Favela e Locomotiva, 1/3 dos consumidores que moram em favelas usam o comércio eletrônico, mas não conseguem receber seus produtos. Quando uma encomenda é destinada à região sem atendimento postal, ela acaba parando ao longo do caminho, retida em um centro regional de distribuição ou, com um pouco de sorte, em uma agência, infelizmente muitas vezes longe da residência do morador. Depois do longo deslocamento até o local, o morador frequentemente ainda enfrenta longas filas