Inquérito da Polícia Civil revela um pacto fechado entre traficantes evangélicos, que proibiram em seus domínios a prática de religiões afro-brasileiras, e milicianos do Quitungo, em Brás de Pina, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio de Janeiro. O acordo culminou na união das quadrilhas e na adesão da favela ao “Complexo de Israel”, que já abrangia Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta.
O acordo, que conforme informações do jornal Extra, prevê a união das quadrilhas em invasões a favelas dominadas pela maior facção do tráfico do Rio, rival de ambas — foi descoberto pela polícia durante uma investigação sobre um duplo homicídio no Quitungo, em junho passado.
Na ocasião, Jhonatan Batista Vilas Boas Alves, o Cepacol, e José Mário Alves da Trindade, o Cebolão, foram executados e tiveram seus corpos encontrados no porta-malas de um carro queimado na favela.
O inquérito da Delegacia de Homicídios aponta que um grupo de paramilitares oriundo de uma localidade conhecida como Morro do Dourado se recusou a se submeter às regras dos traficantes e a entrar em guerra com a facção rival, que domina os complexos do Alemão e da Penha.
As novas regras do “Complexo de Israel” incluem desde a expulsão de pais e mães de santo da favela até a proibição de que moradores usem roupas brancas, cor usualmente vestida por praticantes do candomblé.
No “Complexo de Israel”, os traficantes usam símbolos do Estado de Israel, como a bandeira do país e até a Estrela de Davi, para demarcar o seu domínio. Há bandeiras hasteadas nas favelas Vigários Geral e Parada de Lucas e várias Estrelas de Davi desenhadas em muros pelas favelas. Uma teoria prevalente em algumas correntes evangélicas, particularmente as neopentecostais, prega que a criação do Estado de Israel foi o prenúncio da volta de Jesus Cristo.
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