O Ministério Público Estadual do Amazonas (MPE-AM) pediu, na última segunda-feira (25), a prisão do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, por conta das supostas irregularidades na campanha de vacinação contra a Covid-19 na capital amazonense.
A denúncia foi apresentada pelo MP ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), que se declarou incompetente para julgar o caso, o remetendo, nesta quarta-feira (27), ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
O prefeito e a secretária de Saúde são acusados de favorecerem pessoas que não pertencem ao grupo prioritário para a vacinação mas que mesmo assim receberam a dose. Uma dessas pessoas que recebeu a vacina antes de poder fazê-lo foi a própria secretária.
Além dela, 10 médicos que não atuavam na linha de frente do combate à Covid foram nomeados às pressas pela secretaria em cargos de gerência. Para o MP, essas nomeações, feitas justamente nos primeiros dias do início da vacinação, indicam o objetivo da prefeitura de beneficiar grupos com "ligações políticas e econômico-financeiras de apoio político e eleitoral ao atual prefeito".
Entre os "fura fila", estão as "gêmeas milionárias" Gabrielle Kirk Lins e Isabelle Kirk Lins, que receberam a vacina no último dia 19. Logo após, começou a circular em grupos de WhatsApp de profissionais da Saúde imagens da vacinação das duas acompanhada da nomeação de ambas em cargos da secretaria de Saúde, no Diário Oficial de Manaus. Elas são médicas, mas foram nomeadas às pressas em cargos que dariam prioridade à vacinação contra a Covid. A nomeação de Gabrielle foi publicada no dia 18 de janeiro, um dia antes do início da imunização, como gerente de projetos da pasta. A irmã dela foi nomeada no dia 19 de janeiro.
Gabrielle e Isabelle são da família de Nilton da Costa Lins Júnior, presidente da mantenedora da Universidade Nilton Lins, uma das maiores de Manaus. Além da Universidade, a família tem membros com carreira política. Dentro do terreno da Universidade Nilton Lins, há uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
Além delas e da secretária de Saúde, o MP aponta que tomaram a vacina de forma irregular Luiz Cláudio de Lima Cruz, subsecretário municipal de Saúde; Sebastião da Silva Reis, secretário municipal de Limpeza; Stenio Holanda Alves, advogado e assessor I da Secretaria Municipal de Saúde; Clendson Rufino Ferreira, assessor II da Secretaria Municipal de Saúde e Jane Mara Silva de Moraes de Oliveira, secretária municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania. Nenhum deles fazem parte do grupo prioritário para a imunização.
Em nota, o prefeito David Almeida reagiu à investigação e ao pedido de prisão, se disse "indignado" e informou ainda que "tomará medidas cabíveis".
"Não há o menor indício de desvio de recursos públicos, ato lesivo ao erário ou repercussão criminal", declarou Almeida.