Assustados com o avanço da Covid-19 em aldeias, os povos indígenas do Brasil têm, nesta sexta-feira (4), ao menos um motivo para comemorar: o cacique Raoni, liderança do povo kayapó e um dos indígenas mais conhecidos do mundo, recebeu alta do Hospital dos Pinheiros, em Sinop (MT), após se curar da Covid-19.
Raoni, que está com 90 anos, é do chamado grupo de risco do coronavírus e já estava com a saúde fragilizada quando foi diagnosticado com a doença e internado, no dia 31 de agosto. Na ocasião, o cacique se sentiu mal e deu entrada no hospital com sintomas de pneumonia. Um exame na unidade de saúde confirmou a infecção por Covid-19.
Segundo familiares, o líder indígena passará um período em em Colíder, a 156 km de Sinop, antes de ir para casa. A ideia é que Raoni fique em um lugar que tenha fácil acesso a atendimento médico, caso precise, antes de voltar para casa na próxima semana. O cacique vive na aldeia Metuktire, no parque Xingu.
Outra internação
Em meados de julho, pouco após perder sua companheira, Bekwyjkà Metuktire, para um AVC, Raoni foi internado após apresentar um quadro de hemorragia digestiva. Na ocasião, passou por duas unidades hospitalares, permanecendo internado por uma semana.
Raoni é uma liderança de forte influência mundial. Ele chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz, por iniciativa de ambientalistas e indigenistas. O cacique mantém interlocução com líderes ao redor do planeta, como o papa Francisco.
Covid-19 entre indígenas
De acordo com monitoramento feito pelo Instituto Socioambiental, até esta sexta-feira (4) foram registrados 29.824 casos confirmados de coronavírus entre indígenas e 785 mortes causadas pela Covid-19 entre esta população. O vírus já chegou ao território de 156 povos.