Diretora-executiva, ao lado de dois primos, da centenária vinícola que leva seu sobrenome, Luciana Salton, deu exemplo do que a elite brasileira vê como meritocracia em depoimento a Adriana Dias Lopes, na revista Veja.
"Temos um lema entre nós, quase um mantra: sobrenome não garante emprego. Estou aqui, na posição que ocupo, porque quis e me preparei para isso", afirmou ela, que diz ter passado a "adolescência vivendo as férias na loja da Salton, em São Paulo, vendo meu pai, Ângelo, trabalhar".
Segundo a executiva, ela "nunca foi obrigado a nada" e só assumiu assumiu o posto de comando na empresa fundada há quatro gerações "depois de me formar em administração e ter trabalhado em outras empresas".
A declaração ganhou as redes como exemplo de como se "usa a meritocracia como ideologia de legitimidade", segundo o professor Flavio Comim, professor de Economia da Universidade Ramon Liull, em Barcelona.
"Não ria apenas da contradição. Veja como o pessoal usa a meritocracia como ideologia de legitimidade. Mais ainda: veja como o sistema educacional atual é uma fábrica de desigualdades. E por fim: veja como eles buscam 'distinção'"
A deputada Fernanda Melchionna, candidata a prefeita de Porto Alegre pelo PSOL, afirmou que "reconhecer privilégios é urgente".
"Luciana Salton diz que sobrenome não garante emprego, mas durante a adolescência passava as férias na loja da Salton vendo o pai trabalhar. Talvez ela não saiba que a maioria do povo não herdou uma vinícola, não tem férias, e sequer tem pai. Reconhecer privilégios é urgente", tuitou.
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