O jovem negro de 24 anos, Danillo Félix Vicente de Oliveira, foi preso no dia 6 de agosto, acusado de ser autor de um assalto que ocorreu em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Sua detenção ocorreu por volta das 19h, no centro do município.
Segundo a esposa de Danillo, Ana Beatriz Sobral Faria, de 21 anos, a abordagem foi feita por policiais, que dirigiam uma viatura descaracterizada da Polícia Civil. O jovem é pai de um menino de 1 ano e mora com a esposa no Morro da Chácara, poucos quilômetros distantes do local onde teria acontecido o assalto.
Danillo foi levado para o presídio Tiago Teles, em São Gonçalo, no dia 7, e até hoje cumpre sentença de prisão preventiva. O jovem de 24 anos passou até mesmo seu primeiro dia dos pais no cárcere.
A família de Danillo, entretanto, afirma que houve uma falha no reconhecimento fotográfico feito pela Polícia Civil, sendo o jovem mais uma vítima de racismo e injustiça social no Brasil. Segundo Ana Beatriz, a prisão do marido foi fomentada pelo fato de ele ser “negro e periférico".
A jovem de 21 anos organizou uma petição on-line, onde pede apoio na luta para tirar Danillo de uma prisão feita injustamente.
“Nunca na minha vida pensei que a gente fosse passar por isso, mesmo sabendo que o país é racista, que existe racismo, a gente vê na televisão todos os dias, mas a gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Eu fiquei muito surpresa. Foi um sentimento de tristeza absurdo”, relata Ana Beatriz.
A companheira ainda completou dizendo que “jovens pretos e pobres” são presos e mortos injustamente no País.
Falha nas investigações
A defesa de Danillo, juntamente com sua esposa, afirma que o mandato de prisão preventiva foi baseado em um reconhecimento facial falho, feito pela Polícia Civil.
A vítima do assalto contou às autoridades que teria sido abordada no dia 2 de julho deste ano, tendo recorrido até a 76ª DP (Niterói), ao menos duas vezes. A mesma também mudou o depoimento após ver uma foto de Danillo, extraída das redes sociais do rapaz.
Em uma primeira denúncia, a vítima relatou que seu assaltante era um homem de 20 a 24 anos, pardo, de cabelos raspados e bigode fino, como explica a advogada de Danillo.
“O que recai sobre ele é um reconhecimento falho fotográfico feito em sede policial. A vítima foi até a delegacia e fez um reconhecimento de um álbum exposto na 76ª DP. Ela retorna para prestar mais esclarecimentos e aí disponibilizam o Facebook do Danillo. Ela reconstrói toda a narrativa alegando que o autor do delito seria o Danillo. Ocorre que a foto que foi mostrada é de 2017, na qual o Danillo tinha o cabelo curto e realmente estava com o bigode fino. O Danillo não se trata de um homem pardo, e, sim, de um homem negro”, conta a advogada Christiane Lemos.
Danillo, entretanto, possui cabelos compridos e trançados desde o ano passado. Essa característica, segundo a advogada do rapaz, seria um ponto crucial na defesa dele.
"Ele tem um cabelo de dread, é um cabelo grande. O ponto muito crucial na defesa dele é essa questão, essa característica física dele. Qualquer pessoa que hoje fosse, por exemplo, assaltado pelo Danillo, iria descrever que o suposto assaltante teria o cabelo de dread, porque é marcante. Não foi o caso”, argumenta a advogada.
Com informações do G1