Caso Miguel: pais veem preconceito e pedem R$ 987 mil de indenização à ex-patroa

Em ação, mãe diz que Sara Corte Real não deixaria “amiguinha da filha” sozinha no elevador, como fez com o menino, que morreu ao cair do 9° andar

Mirtes Renata de Souza usa máscara que homenageia seu filho Miguel (Foto Reprodução Facebook)
Escrito en BRASIL el

Os pais do menino Miguel Otávio Santana da Silva entraram na Justiça pedindo uma indenização de R$ 987 mil de Sari Corte Real. A informação é do jornalista Rogério Gentile, do UOL. Para eles, houve no caso preconceito social por parte da mulher, que é esposa do prefeito de Tamandaré (PE), Sergio Corte Real.

Miguel tinha 5 anos e morreu ao cair do nono andar do prédio em que Sari mora, no Recife (PE). A mãe dele, Mirtes Renata Santana de Souza, trabalhava como empregada doméstica no apartamento de Sari.

Mirtes tinha levado Miguel ao trabalho e deixado que ele ficasse no apartamento, com Sari, enquanto desceu para passear com os cachorros da patroa. Sari estava neste momento com uma manicure em casa, fazendo as unhas.

Imagens do circuito de TV do prédio mostram quando Miguel entra no elevador e Sari parece discutir com ele. Depois, ela deixa o menino sozinho no elevador. Miguel desce no nono andar. Ele caiu de lá e morreu.

Para Mirtes, Sari teria adotado outra conduta se no elevador estivesse alguma amiguinha de sua filha. "Jamais ela viraria a costas e voltaria para a manicure", afirma a mãe na ação. "Houve preconceito social."

O processo é assinado também pelo pai de Miguel, Paulo Inocêncio da Silva, e pela avó, Marta Maria Santana Alves, que também trabalhava para a família Corte Real.

Na visão dos familiares de Miguel colocada na ação judicial, a criança foi vítima da "impaciência, da superficialidade e da futilidade". "Sobra paciência para gastar horas modelando unhas, porém falta paciência e tato para lidar com a birra de uma criança por apenas 10 minutos”, escreveram na petição.

Denunciada pelo MP

Além do processo cobrando indenização, Sari Corte Real também sofre processo criminal. Em julho, o MP-PE (Ministério Público de Pernambuco) apresentou denúncia contra ela por “abandono de incapaz com resultado de morte”.

A promotoria incluiu ainda na acusação agravantes, como  fato de o crime ter sido cometido em meio “à conjuntura de calamidade pública”.

Sari ainda não se pronunciou nas ações judiciais. Em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, ela afirmou que “fez tudo o que podia” naquele momento. “Se eu pudesse voltar no tempo, eu voltava. Se eu soubesse que ia acontecer. Eu esperava mais, não sei, só sei que naquela hora eu fiz tudo que eu podia. Não fiz nada temendo o que ia acontecer”, afirmou ao programa.