O tio da menina de 10 anos que foi preso nesta terça-feira (18) acusado de estuprar e engravidar a criança gravou vídeo em que pede que exames sejam feitos no avô dela e “no filho do avô que morava na mesma casa”. Ou seja, também tio da criança.
O vídeo foi publicado por alguns perfis no Twitter, entre eles o do Anonymous Brazil. Nele, o homem afirma estar em Betim (MG), onde foi preso. Diz ter entrado em contato com a polícia para que seja capturado. E pede que, da mesma forma que farão exames nele, também sejam realizados testes nos outros familiares.
A vítima mora em São Mateus, no norte do Espírito Santo, com os avós, pois é órfã. Ela foi levada a um hospital no dia 7 com dores abdominais. Ali, foi descoberto que estava grávida. Então, ela disse que era vítima de abusos por parte do tio desde que tinha 6 anos.
O juiz Antônio Moreira Fernandes, do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, deu autorização judicial no dia 15 para permitir que o aborto fosse realizado na garota.
Em Pernambuco
Um hospital estadual em Vitória (ES) se recusou a fazer o aborto, alegando que a gestação estava muito avançada, com 22 semanas. Então, a menina foi levada para Recife (PE), onde foi atendida no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros – Cisam.
A gestação levou a criança a desenvolver diabetes gestacional, o que trazia risco à sua vida.
Na manhã desta segunda-feira (17), o Cisam divulgou que o procedimento havia sido encerrado e ela passava bem
Protestos
A notícia de que a criança passaria pelo procedimento no Cisam atraiu manifestantes à porta do instituto no domingo (16). Ativistas contra aborto tentavam impedir a interrupção da gestação, gritavam e tentaram invadir a unidade. O protesto começou antes mesmo que a menina, acompanhada de sua avó, chegasse ao local. Ele foi convocado por redes sociais. A ativista bolsonarista Sara “Winter” Geromini expôs dados pessoais da vítima nas redes, o que é ilegal. Perfis de Sara foram tirados do ar na noite desta segunda-feira (17).
Ativistas feministas foram ao Cisam também no domingo (16) defender o direito de a criança, vítima de abuso por quatro anos, abortar.
Esse era o desejo dela, conforme relato de um dos profissionais que a atenderam. O testemunho dava conta de que “ela apertava contra o peito um urso de pelúcia e só de tocar no assunto da gestação entrava em profundo sofrimento, gritava, chorava e negava a todo instante, apenas reafirmando não querer”. O relato consta da decisão judicial que autorizou o procedimento.