O engenheiro civil Leonardo Barros, que usou de sua formação acadêmica para intimidar um fiscal da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro no último sábado (4), afirmou nesta segunda-feira (6) que ele e a sua mulher, Nívea del Maestro, estão "apavorados" com a repercussão do caso.
“Estamos hoje com medo da nossa integridade física. Desde o momento em que a reportagem foi ao ar as pessoas na internet começaram a nos ameaçar. Há 24 horas não dormimos, não comemos e só bebemos água. Estamos apavorados com tudo isso”, afirmou Barros, ao jornal Extra.
"Estamos recebendo ameaças por telefone. Estão nos xingando, nos ameaçando, estamos apavorados. Eu não esperava essa repercussão. Estamos com medo de sair na rua. Não queremos nem pensar em sair às ruas", contou o engenheiro
A agressão verbal do casal ao superintendente de educação e projetos da Vigilância Sanitária, Flávio Graça, que tentava conter a aglomeração em bares da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, foi flagrada por uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida no domingo (5).
“Cadê a sua trena? Como você mediu as pessoas?”, diz Barros, na reportagem. “Cidadão não, engenheiro civil, formado, melhor do que você”, completa Nívea.
O engenheiro formado nega a agressão. "Em nenhum momento houve agressão ou intimidação. Eu não tinha essa intenção. Como a mídia estava lá gravando, estávamos cansados (depois de um dia de trabalho) e havíamos acabado de ser expulsos do restaurante, ficamos exaltados. Volto a dizer: em nenhum momento houve agressão", disse.
"Classifiquei que eu tinha direito de falar com ele (superintendente) porque sou pagador dos meus impostos. Quis questionar a metodologia da medição e o fiscal disse que era para eu procurar a superintendência para ver como era o método estabelecido. Então, eu me exaltei e disse que eu era o chefe dele, porque pagava meus impostos", completou.
Bolsonarista, Barros se descrevia nas redes sociais como “pai, casado, engenheiro, atleta amador, mergulhador. Direita, anti-PT, anti-PSOL, anti-PC do B, anti extrema imprensa” mas, após a repercussão negativa do episódio da agressão, apagou seus perfis.
Já Nívea foi demitida da empresa em que trabalha por participar da aglomeração e questionar medida de combate ao coronavírus. Em nota, a Transmissora Aliança de Energia Elétrica disse que a atitude não é compatível com os valores da empresa.
O engenheiro disse ainda ao Extra que pretende fazer boletim de ocorrência e até cogita pedir proteção para o estado, no programa de proteção à testemunha. Ele confirmou que recebeu o auxílio emergencial.
"Eu recebei, sim, os R$ 600 porque estava desempregado. Consegui emprego no meio da pandemia. Se for necessário, eu devolvo. Entendo que essa medida emergencial se aplica a pessoa que precisa. Naquele momento era o meu caso", revelou Barros.
Segundo a reportagem, em nenhum momento o engenheiro pediu desculpas para o superintendente da Vigilância Sanitária.