O empresário Paulo Marinho afirmou nesta segunda-feira (10) que está “à disposição” do Ministério Público Federal (MPF) para participar de uma acareação com o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) .
Mais cedo nesta segunda, Flávio prestou depoimento ao MPF em que confirmou a participação em uma reunião com Marinho, mas negou ter recebido informações da Polícia Federal sobre investigações contra seu ex-assessor Fabrício Queiroz. A investigação sobre um possível vazamento é baseada em uma acusação do empresário.
“É só marcar data, hora e local, que lá estarei. Reafirmo tudo que relatei nos meus três depoimentos”, escreveu Marinho, no Twitter, ao comentar uma notícia de que o MPF estaria estudando realizar uma acareação entre ele e Flávio.
“A título de colaboração com as investigações, sugiro que as autoridades se utilizem da ferramenta de georreferenciamento e identifiquem através dos celulares dos assessores do senador se estiveram entre o 1º e 2º turno de ‘18 nas imediações da PF no RJ. Vamos ver quem mente”, completou.
O MPF apura se integrantes da PF avisaram Flávio sobre etapa da Operação Furna da Onça, em novembro de 2018, que apurava desvio de recursos na Assembleia Legislativa do Rio. Na época, o filho do presidente Jair Bolsonaro era deputado estadual e, embora não fosse alvo direto, as atividades de Queiroz em seu gabinete estavam no radar da operação.
Marinho disse ter ouvido do próprio senador que ele teria recebido informações sobre a investigação de um delegado da PF. Segundo o empresário, a conversa ocorreu em uma reunião na sua casa, no Rio, no final de 2018. Marinho é suplente de Flávio no Senado e cedeu sua residência para ser “quartel-general” da campanha de Bolsonaro para a Presidência.
De acordo com o procurador federal Eduardo Benones, que tomou o depoimento, o senador confirmou o encontro com Marinho mas negou ter tido acesso a informações privilegiadas. “Nesse particular ele contradiz essa parte do [depoimento] do senhor Paulo Marinho”, disse o procurador.
Rachadinha
Apesar de Flávio Bolsonaro não ser alvo direto da Operação Furna da Onça, relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) incluídos na investigação apontavam movimentações atípicas nas contas de Fabrício Queiroz, que era assessor em seu antigo gabinete na Alerj. Flávio foi deputado estadual no Rio de 2003 a 2018.
Os relatórios acabaram sendo utilizados na investigação do Ministério Público do Rio sobre um esquema de corrupção no gabinete de Flávio. O chamado caso da “rachadinha” aponta que o parlamentar ficava com parte dos salários de seus funcionários. Segundo a investigação, os valores eram recolhidos e movimentados por Queiroz, operador financeiro do esquema.
Queiroz foi preso em no dia 18 de junho no âmbito deste caso e, após decisão do Superior Tribunal de Justiça, está em prisão domiciliar.