Real é a moeda que mais oscila com crise causada pela pandemia de coronavírus

Moeda brasileira tem a maior volatilidade entre as divisas de países emergentes e acumula desvalorização recorde frente ao dólar

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O real é a moeda no mundo que mais oscila com a crise econômica iniciada pela pandemia do coronavírus. O câmbio instável, classificado como uma "montanha-russa", preocupa analistas e investidores. O Banco Central diz não saber a causa do problema.

Na última quinta-feira (16), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, admitiu que “não há uma boa explicação” para a alta volatilidade da moeda brasileira, ao participar de uma live do banco Itaú Unibanco. Com sobe e desce frequente ao longo do dia, o movimento instável em curtos períodos de tempo tem chamado mais a atenção nos últimos meses do que a cotação no final do pregão.

Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset afirmou que, nas últimas semanas, o real “oscilou que nem uma montanha-russa e terminou no zero a zero”. A volatilidade é observada em vários mercados e com diversas moedas, mas, no caso do real é “a mais alta do planeta”, avaliou o especialista, em entrevista ao jornal Correio Braziliense.

O real perdeu 32,48% do valor frente ao dólar entre 31 de dezembro de 2019 e 16 de julho deste ano, de acordo com levantamento de Eduardo Velho, estrategista da INVX Global Brasil. Além de ocupar a primeira posição, está longe dos demais, com o pior resultado. O segundo colocado é o rand sul-africano, que desvalorizou 19,71% no período, e o terceiro, o peso mexicano, com 18,6%.

A desvalorização do real, em teoria, pode ter como lado positivo o potencial de estimular entrada de dinheiro no Brasil, ao tornar o país um mercado mais barato. No entanto, segundo especialistas, novos recursos não chegaram, o que eleva a preocupação com economia. Segundo ele, a falta de previsibilidade da moeda é justamente o que afasta investimentos e coloca o Brasil como um país de alto risco para negócios.