O FaceApp voltou a ser tendência nas redes sociais, difundido por muitos usuários que querem provar como seria o seu rosto tivessem outro gênero.
O aplicativo já tinha feito sucesso em diferentes momentos, em anos anteriores – uma vez com uma versão que envelhecia o rosto, e outra com a mesma proposta de troca de gênero. Porém, em todas essas vezes, ele veio junto com a suspeita de que, por trás desses segundos de diversão vendo uma versão modificada do rosto do usuário, se esconderia o risco de entregar dados biométricos de cada pessoa que sujeita suas fotos a ele.
Tal suspeita se baseia em escândalos como o da Cambridge Analytica, empresa britânica cujos responsáveis confessaram, em 2017, ter usado aplicativos para coletar dados de pessoas nos Estados Unidos e no Reino Unido, que depois foram usados para melhorar as estratégias de campanha de Donald Trump, em 2016, e dos favoráveis à opção do “Brexit”, no plebiscito realizado no Reino Unido, naquele mesmo ano. Durante a investigação do escândalo, o Facebook também admitiu que sua plataforma permitiu que cerca de 87 milhões de usuários teriam sido afetados por aplicativos da Cambridge Analytica que armazenavam dados para uso em campanha.
No caso do FaceApp, a suspeita ainda é só uma teoria conspirativa, mas a falta de informações a respeito do que está por trás do aplicativo alimentam essa desconfiança. Não se sabe quem armazena essas informações, e o fato de a identificação facial ser um método semelhante ao usado por forças de segurança faz com que não pareça seguro deixar que seus dados biométricos estejam à disposição de quem quer que seja.
Especialista em segurança de computadores, o engenheiro David Vaile, presidente da Australian Privacy Foundation, recomenda que “o reconhecimento facial está se tornando um dos principais elementos da identidade digital. Por isso, as pessoas devem ter a consciência de que proteger sua imagem facial é tão importante quanto as precauções que temos com outros elementos de nossa identidade, nossos dados e nossas senhas”.