Policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que assassinaram o menino João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, disparando mais de 70 tiros dentro casa onde o garoto morava, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), alteraram a cena do crime, segundo informações obtidas por Rafael Soares, em reportagem no jornal Extra nesta quarta-feira (10).
Os policiais, que invadiram a casa, teriam recolhido cartuchos calibre 556 antes da perícia ser feita no local. Um projétil do mesmo calibre foi encontrado no corpo do adolescente durante a autópsia.
A perícia feita na casa no dia do crime só encontrou, além dos estojos de calibre 9mm, outros quatro de calibre 762 próximos ao portão da garagem na parte da frente da casa. O perito que foi ao local não encontrou nenhum projétil de calibre 556 no local.
Os policiais entregaram apenas três estojos calibre 9mm na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) — onde foi feito o registro de ocorrência do caso. Nos depoimentos que os três agentes prestaram naquele dia, nenhum deles citou que havia estojos de calibre 556 na casa ou que haviam recolhido a munição.
Apenas no dia 25 de maio, o agente que mais fez disparos dentro da casa, o inspetor José Mauro Gonçalves, também revelou que usava um fuzil M16 calibre 556 quando entrou no imóvel. A arma sequer havia sido apreendida e foi entregue à polícia no mesmo dia.
Em seu primeiro depoimento, no dia do crime, Gonçalves havia afirmado que só fez disparos com um fuzil calibre 762 na casa. No intervalo entre os dois relatos, a autópsia encontrou o prójétil de calibre 556 no corpo de João Pedro.
Segundo a reportagem do Extra, dois dos agentes investigados já responderam por alterar uma cena de crime anteriormente. Em 2012, durante uma operação na Favela do Rola, Zona Oeste do Rio, os inspetores Mauro Gonçalves e Maxwell Pereira foram gravados retirando o corpo de um homem baleado, coberto por um lençol, de dentro de uma casa. A vítima havia sido atingida pelos policiais minutos antes.