A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) deu início, nesta quinta-feira (23), à 21ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública.
O objetivo desta edição, que desta vez será online, é refletir sobre a conjuntura da pandemia do novo coronavírus, "em que a saúde de todos depende do aprendizado coletivo de valores humanos como os da solidariedade, cooperação e união".
"Estamos em uma situação diferente, nova, nunca passamos por isso. Por isso, decidimos manter a semana dedicada à solidariedade, a salvar vidas. Falar sobre a importância da educação para a vida", afirmou o presidente da CNTE, Heleno Araújo, em coletiva de imprensa virtual, nesta quinta-feira (18).
"Mantemos essa semana de forma virtual e também escolhemos o tema educação para a vida. A pandemia mostra cada vez mais a importância da ciência, da educação, do estudo em todo o processo que estamos vivendo. Traz de volta a questão da valorização das universidades e derruba por terra os terraplanistas. Defendemos recursos públicos para a educação em todos os níveis", completou a secretária-geral da entidade, professora Fátima Silva.
Durante a coletiva, os membros da CNTE demonstraram preocupação com a imposição do ensino à distância por parte de governos estaduais que, segundo eles, enxergaram na pandemia uma oportunidade de abraçar um projeto que já vinha avançando e que representaria, na verdade, a mercantilização e privatização do ensino público.
A entidade se coloca frontalmente contra a imposição do ensino à distância pois, além de ter por trás grandes corporações, ampliará a desigualdade de acesso ao ensino, visto que boa parte dos brasileiros têm limitações com acesso à internet.
"Não aceitamos educação à distancia na educação básica e nem na formação dos profissionais. É uma profissão que cuida das pessoas. Qualquer formação à distancia perde essa força. Estamos vivendo um momento novo, inesperado. Ninguém imaginava o que está acontecendo. Nesse momento, tem que ter muita paciência", afirmou Heleno Araújo.
"Qualquer medida tomada para fazer essas aulas remotas, à distância, é desconhecer essa realidade da educação publica no país. 80% dos estudantes estão na escola pública. Qualquer medida tomada com aula remota não consegue chegar nem na metade dessa população. Se isso é executado, aumenta a desigualdade na educação do país", completou o presidente da CNTE.
Para a vice-presidenta da CNTE, Marlei Carvalho, a tecnologia é, sim, bem-vinda no ensino público, mas não deve ser usada para substituir o aprendizado em sala de aula.
Fátima Silva, por sua vez, citou o exemplo do Haiti que, após ser devastado, teve sua educação pública totalmente mercantilizada. "O que está acontecendo no mundo todo, na tentativa de levantar a educação à distancia, é um grande negócio para as grandes corporações. A pandemia está servindo também para aprofundar essa privatização da educação.
Somos contra esse tipo de mercado. Mas não negamos a necessidade de ter acesso a ferramentas tecnológicas", explicou.
Neste sentido, a CNTE defende que as escolas permaneçam fechadas enquanto a pandemia durar e que, após esse período, toda a comunidade escolar seja envolvida no processo de reposição do ano letivo. A entidade também promete seguir lutando para que os governos, tanto estaduais quanto o federal, aprove leis que garantam renda para os profissionais da educação que ficarão parados durante a crise do coronavírus.
Durante a Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, será discutido, a cada dia, um tema da atualidade como o papel do Estado na Pandemia do Coronavírus e os impactos da Emenda Constitucional 95/2016 (Teto dos gastos sociais); o financiamento da Educação Pública, o direito à educação e os direitos dos profissionais da educação, bem como reflexões sobre filmes e documentários que retratam esses temas. A programação completa pode ser conferida aqui.