Escrito en
BRASIL
el
O humorista Gustavo Mendes, que interpreta de forma cômica a ex-presidenta Dilma Rousseff, criticou a interpretação do colega Carioca ao lado de Bolsonaro. "Achei lamentável", disse.
"O papel do humor, mais do que fazer rir, é fazer pensar. Por isso digo que humor é sempre oposição, independentemente do viés político. Meu alvo sempre foi o opressor. Jamais aceitaria me prestar a um papel desses, pela situação do país", afirmou Mendes, em entrevista ao UOL.
"A população precisa de informação e, à frente das câmeras, oferecem bananas. É tão deprimente que você vê claramente o desconforto do Carioca", completou.
Bolsonaro colocou o humorista para responder jornalistas com bananas quando lhe faziam perguntas sobre o PIB.
Ao criticar o colega, Mendes falou sobre a própria relação com esse tipo de humor. "Fui convidado diversas vezes ao Palácio na época da Dilma, mas nunca quis comparecer, porque achava que, se fosse, estaria de certa forma contaminado. Como conseguiria fazer críticas ferrenhas ao governo, como sempre fiz, depois de me tornar amigo dela?", disse.
"Nunca foi um convite para fazer o que Carioca fez, porque ele não fez humor. Quando comecei a imitar a Damares [Alves, atual ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos], fui chamado para conhecê-la e também não aceitei", realtou.
"Muita gente diz que [Carioca fez] papel de bobo da corte, e não é bem assim, porque historicamente o bobo da corte dizia verdades ao rei em forma de humor. Ali a gente viu uma tentativa patética de usar um humorista", continuou Mendes. "Acho um desserviço à carreira dele e ao humor brasileiro."