A repercussão da comovente reportagem do médico e escritor Drauzio Varella exibida no Fantástico, da Globo, neste domingo (1), motivou centenas de internautas a se mobilizarem para enviar cartas para Suzy Oliveira, mulher trans que está presa em São Paulo e que disse que não recebe visitas há pelo menos 8 anos.
"Solidão, né, minha filha?", pergunta Drauzio Varella à Suzy em um dos trechos da reportagem que causou mais comoção. Neste momento, o médico abraça a mulher trans, que ficou visivelmente emocionada com a própria declaração.
Diante da alta demanda de pessoas procurando maneiras de escrever para que Suzy sinta-se menos sozinha, a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo divulgou nas redes o endereço de onde ela está presa.
"CARTAS PARA SUZY: tendo em vista a repercussão de reportagem exibida no Fantástico com a presa trans Suzy Oliveira, que está na Penitenciária I 'José Parada Neto', a SAP recebeu pedidos interessadas em enviar cartas à reeducanda, que há 8 anos sem receber visitas. há 8 anos", diz postagem no perfil oficial da secretaria no Twitter.
CARTAS PARA SUZY: tendo em vista a repercussão de reportagem exibida no Fantástico com a presa trans Suzy Oliveira, que está na Penitenciária I "José Parada Neto", a SAP recebeu pedidos interessadas em enviar cartas à reeducanda, que há 8 anos sem receber visitas. há 8 anos. pic.twitter.com/nvPZahn9o5
— SAP SP (@sapsp) March 2, 2020
O endereço para correspondência é o da unidade: Rua Benedito Climérico de Santana, 600, Várzea do Palácio, CEP 07034-080, Guarulhos/SP. Favor colocar o nome da reeducanda no envelope.
— SAP SP (@sapsp) March 2, 2020
Abandono e preconceito
Ao todo, 700 mulheres trans estão presas no estado de São Paulo. “Há uma pressão para que a trans seja considerada marginal o tempo todo”, lamenta o médico na reportagem. Varella atua há mais de 30 anos como médico voluntário em penitenciárias.
Na reportagem, Drauzio aborda questões como o preconceito, abandono e violência que essas mulheres enfrentam nos presídios. Em uma das entrevistas, que ocorre no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, uma das mulheres trans conta que não recebe visitas há oito anos e que sofre com a solidão. Em seguida, o médico levanta e abraça a presa.
Em outro trecho da reportagem, o médico comenta sobre um presídio masculino em Igarassu (PE) que traz um tratamento humanizado às mulheres trans e travestis ali confinadas. Elas possuem uma ala própria e são liberadas para usar a roupa de sua preferência.
Uma das entrevistadas conta que se sentiu mais acolhida e respeitada neste presídio de Pernambuco do que vivendo livre. Ela revela que teve a oportunidade de trabalhar na cadeia, algo que lhe foi negado pela sociedade por ser uma mulher trans.