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A pregação da chamada "escola sem partido" feita por bolsonaristas e as falas do presidente depreciativas sobre os livros escolares já estão surtindo efeitos práticos que se assemelham às queimas de livros que aconteciam na Idade das Trevas ou na Alemanha nazista. Em um comunicado disparado às escolas estaduais de Rondônia nesta quinta-feira (6), a secretaria estadual de Educação determinou o recolhimento de 42 obras de importantes autores nacionais e internacionais das bibliotecas.
Entre as obras censuradas, estão livros de Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Rubem Fonseca, Mário de Andrade e Franz Kafka. Ao todo, são 42 livros que deveriam ser recolhidos sob o argumento de que as obras tinham “conteúdos inadequados às crianças e adolescentes”.
O memorando que comunicava a censura, ao qual veículos de imprensa tiveram acesso, estava em nome do secretário de Educação, Suamy Lacerda de Abreu, mas a assinatura eletrônica no sistema era da diretora de educação do órgão, Irany de Oliveira Lima Morais.
Questionado pela Folha de S. Paulo sobre o comunicado, o secretário Suamy Lacerda de Abreu afirmou, a princípio, que se tratava de fake news, mas depois, ao ser confrontado com o documento, disse que não tinha conhecimento da medida, e que mandaria suspender o recolhimento dos livros.
Ao Estadão, professores e outros profissionais da Educação confirmaram o recebimento do comunicado e informaram que, em algumas unidades, os livros, inclusive, já estavam sendo encaixotados para o recolhimento.
O governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (PSL), é um grande aliado de Jair Bolsonaro e deve ir para o Aliança pelo Brasil, partido que está sendo gestado pelo presidente, assim que a legenda for oficializada.