"A gente só existe para dar voto", diz avó de menina negra assassinada por PMs no Rio

Rebecca, de 7 anos, e a prima Emilly, de 5 anos, foram assassinadas a tiros durante operação da PM em Duque de Caxias quando brincavam em frente ao portão de casa

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Lídia da Silva Moreira, avó de Rebecca Beatriz Rodrigues Santos, de 7 anos, que foi assassinada junto com a prima Emilly Victoria da Silva Moreira Santos, de 5 anos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na última sexta-feira (4), mostrou-se indignada com a ausência de autoridades durante manifestação que aconteceu neste domingo (6) na Praça do Pacificador, na cidade fluminense.

"Não apareceu ninguém! Nem prefeito, nem governador, nem político nenhum! A gente só existe para dar voto. Não é porque moramos em comunidade que somos bandidos", disse ela, segundo o jornal Extra.

Rebecca e Emilly foram assassinadas quando brincavam em frente ao portão de casa durante operação da PM na comunidade do Barro Vermelho, em Gramacho, na cidade da baixada. A PM diz que não realizou operação na comunidade neste dia.

Lídia conta que viu policiais atirarem da viatura em direção à rua e que não houve confronto com criminosos. Segundo ela, a mesma bala atingiu as duas crianças.

"Estava chegando do trabalho, por volta das 20h30, e quando desci do ônibus começaram os disparos.A rua estava cheia de crianças e pessoas chegando do serviço. Tinha uma viatura Blazer da PM parada em frente à rua e fizeram uns dez disparos de fuzil. Quando os policiais foram embora, atravessei e vi a Emilly atingida na cabeça, já sem vida. Depois minha nora veio gritando dizendo que tinham matado a Rebecca também. A mesma bala que pegou a Emilly atingiu o coração da Rebecca. Ela deu uns passos e caiu no quintal. Quando vi que ainda estava respirando, corri para a UPA de Sarapuí, mas já era tarde", contou.

As duas foram sepultadas lado a lado nos sábado (5), em gavetas de um cemitério de Duque de Caxias.